Efemérides

DIA NACIONAL DO ESCRITOR – 25 DE JULHO

“Foi criado o Dia do Escritor no dia 25 de julho de 1960, após a realização do primeiro Festival do Escritor Brasileiro, promovido pela União Brasileira de Escritores – tendo João Peregrino Júnior na presidência, e Jorge Amado, como vice-presidente. Uma justa homenagem a todos aqueles que receberam o dom de transcrever em palavras, relatos, histórias, fantasias, sentimentos e vivências.

Um escritor pode nos fazer chorar, rir, ter medo. Um escritor pode nos fazer repensar, mudar de ideia. Um escritor nos leva a viver ou partilhar emoções e experiências, conhecendo lugares e costumes, sem que precisemos sair de casa ou do conforto da cabeceira. 

Fundamentalmente, um bom escritor nos deixa profundamente tristes quando a história termina.”
FONTE:
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/pwdtcomemorativas/default.php?reg=18

SER POETA

O que  é ser um poeta afinal?
Eu não teria só uma única resposta...
Por uma busca de inspiração tal,
Aí, surge a poesia como proposta!

Umas vão inspiradas pela dor,
no computador ou neste papel
e outras, enfim, por um tão lindo amor,
assim canta o artista sem pincel...

Deleita neste cenário em torpor...
Sim, alegria ou tristeza, seu jeito...
Por fim, poeta desafia a compor!

Até mesmo que só lhe reste a dor...
O poema desafogando o seu peito...
Nascendo então uma obra e seu autor!

Homenagem ao Dia Nacional do Escritor!

SOL Figueiredo

EFEMÉRIDES- 29 DE JUNHO DE 2013

SÃO PEDRO – “O PESCADOR”

Segundo a Bíblia, seu nome original não era Pedro, mas Simão. Nos livros dos Atos dos Apóstolos e na Segunda Epístola de Pedro, aparece ainda uma variante do seu nome original, Simão. Cristo mudou seu nome para כיפא, Kepha (Cefas em português, como em Gálatas 2:11), que em aramaico significa "pedra", "rocha", nome este que foi traduzido para o grego como Πέτρος, Petros, através da palavra πέτρα, petra, que também significa "pedra" ou "rocha", e posteriormente passou para o latim como Petrus, também através da palavra petra, de mesmo significado.


A mudança de seu nome por Jesus Cristo, bem como seu significado, ganham importância de acordo com a Igreja Católica em Mt 16, 18, quando Jesus diz: "E eu te declaro: tu és Kepha e sobre esta kepha edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão nunca contra ela." Jesus comparava Simão à rocha.6 Desta forma, Cristo, de acordo com a tradição católica, foi o fundador da Igreja Católica, fundada sobre Simão Pedro e sendo-lhe concedido, por este motivo, o título de Príncipe dos Apóstolos. Esse título é um tanto tardio, visto que tal designação só começaria a ser usada cerca de um século mais tarde, suplementando o de Patriarca (agora destinado a outro uso). Pedro foi o primeiro Bispo de Roma. Essa circunstância é importante, pois daí provém a primazia do Papa e da diocese de Roma sobre toda a Igreja Católica; posteriormente esse evento originaria os títulos "Apostólica" e "Romana".
São Pedro foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo, segundo o Novo Testamento e, mais especificamente, os quatro Evangelhos. Os católicos consideram Pedro como o primeiro Bispo de Roma, sendo por isso o primeiro Papa da Igreja Católica.

Antes de se tornar um dos doze discípulos de Cristo, Simão era pescador. Teria nascido em Betsaida e morava em Cafarnaum. Era filho de um homem chamado João ou Jonas e tinha por irmão o também apóstolo André. 

Segundo o relato em Lucas 5:1-11, no episódio conhecido como "Pesca milagrosa", Pedro teria conhecido Jesus quando este lhe pediu que utilizasse uma das suas barcas, de forma a poder pregar a uma multidão de gente que o queria ouvir. Pedro, que estava a lavar redes com Tiago e João, seus sócios e filhos de Zebedeu, concedeu-lhe o lugar na barca, que foi afastada um pouco da margem.

No final da pregação, Jesus disse a Simão que fosse pescar de novo com as redes em águas mais profundas. Pedro disse-lhe que tentara em vão pescar durante toda a noite e nada conseguira mas, em atenção ao seu pedido, fá-lo-ia. O resultado foi uma pescaria de tal monta que as redes iam rebentando, sendo necessária a ajuda da barca dos seus dois sócios, que também quase se afundava puxando os peixes. Numa atitude de humildade e espanto Pedro prostrou-se perante Jesus e disse para que se afastasse dele, já que é um pecador. Jesus encorajou-o, então, a segui-lo, dizendo que o tornará "pescador de homens".

Fonte: Wikipédia
Por: RÓ MAR




“S.PEDRO, O PESCADOR”


Ó S. Pedro, “Bem-Aventurado",
Quero ser teu cordeiro,
Por ti amado,
Serei leal e ordeiro.

Bendito sejas Simão,
Da Roma Rochedo.
Que Cristo abençoou, Pedro,
Das trancas na Santa mão.

Ó Apóstolo do Mar,
Na tua Barca quero navegar,
Mar abundante, sem recear,
Meu Coração vai alagar.

Ó Magnânima Rocha,
Sou tua irmã, meu Pescador.
Que o perdão dás ao pecador,
Alumia-me na tua tocha.

És Pedro, o Primeiro
Santo do Pontificado,
De nome edificado,
Nos Céus derradeiro.

Teu rebanho irás bem guardar,
Nas Chaves que Jesus concedeu.
Do teu lado, quero estar,
Privar das águas que Cristo bebeu.

Os Céus quero amar,
Longe das chagas do Inferno.
No reino dos discípulos,
O prenúncio de crepúsculos.

A léguas do Inverno, Meu Mestre.
Sempre Primavera na Vida.
Não aprecio o Cipreste,
Presságio de despedida.

Trago no Coração,
A grande Oração,
Ao peito a Flor de Lis,
Sei que assim serei Feliz.

RÓ MAR



EFEMÉRIDES - 26 DE JUNHO DE 2013
29º Aniversário de falecimento de Alfredo Marceneiro, um ícone na música Portuguesa.

Alfredo Rodrigo Duarte nasceu em Lisboa, 25 de Fevereiro de 1891 – faleceu em Lisboa, 26 de Junho de 1982, mais conhecido como Alfredo Marceneiro devido a sua profissão, foi um fadista Português que marcou uma época, detentor de uma voz inconfundível tornando-se um marco deste género da canção em Portugal.

Fonte - Wikipédia
Por : RÓ MAR
*******************

http://www.youtube.com/watch?v=1bA1fRuuHTg&feature=share



“Alfredo, o marceneiro”

Poema de RÓ MAR



Alfredo que dos fados

Talhaste vício, velho marceneiro

A navegar pelas ondas da música
Na guitarra portuguesa,
Nos palcos do improviso, plateias
Aplaudiram o jeito fenomenal.

Janota de tanta garota,
Era ver a malta na ribalta,
“A casa da Mariquinha”, música
De uma casa portuguesa com certeza,
Cordas do seu timbre de vozes soberbas.

És Alfredo, o marceneiro,
O “Lulu” que arrasou corações
E, o grande marco da história
Do fado no Portugal,
Que hoje é glória.

A alegria da rapaziada,
Até D. Infante se quedou na tua lábia,
Nas letras da vida sábia,
Que não ousaram estudos,
És o “Dr. “das artes,
Mestre nas canções.

RÓ MAR


www.youtube.com
EFEMÉRIDES LITERÁRIAS – DIA 13 DE JUNHO DE 2013
125º ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO DE FERNANDO PESSOA
POR : RÓ MAR

Fernando António Nogueira Pessoa – Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935. Fernando Pessoa, poeta, filósofo e escritor português. É considerado um dos maiores Poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões. O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo".

“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, Não há nada mais simples. Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte. Entre uma e outra todos os dias são meus.”- Fernando Pessoa/Alberto Caeiro; Poemas Inconjuntos; escrito entre 1913-15; publicado em Atena nº 5 de Fevereiro de 1925.

Ao longo da vida trabalhou em várias firmas comerciais de Lisboa como correspondente de língua inglesa e francesa. Foi também empresário, editor, crítico literário, jornalista, comentador político, tradutor, inventor, astrólogo e publicitário, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária em verso e em prosa. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos, objecto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra. Centro irradiador da heteronímia, autodenominou-se um "drama em gente".

"A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida." - Fernando Pessoa

*Em Agosto de 1907, morre a sua avó Dionísia, deixando-lhe uma pequena herança, com a qual monta uma pequena tipografia, na Rua da Conceição da Glória, 38-4.º, sob o nome de «Empreza Ibis — Typographica e Editora — Officinas a Vapor», que rapidamente vai à falência. A partir de 1908, dedica-se à tradução de correspondência comercial, uma ocupação a que poderíamos dar o nome de "correspondente estrangeiro". Nessa actividade trabalha a vida toda, tendo uma modesta vida pública.

*Inicia a sua actividade de ensaísta e crítico literário com o artigo «A Nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada», a que se seguiriam «Reincidindo…» e «A Nova Poesia Portuguesa no Seu Aspecto Psicológico» publicados em 1912 pela revista A Águia, órgão da Renascença Portuguesa. Frequenta a tertúlia literária que se formou em torno do seu tio adoptivo, o poeta, general aposentado Henrique Rosa, no Café A Brasileira, no Largo do Chiado em Lisboa. Mais tarde, já nos anos vinte, o seu café preferido seria o Martinho da Arcada, na Praça do Comércio, onde escrevia e se encontrava com amigos e escritores.

*Em 1915 participou na revista literária Orpheu, a qual lançou o movimento modernista em Portugal, causando algum escândalo e muita controvérsia. Esta revista publicou apenas dois números, nos quais Pessoa publicou em seu nome, bem como com o heterónimo Álvaro de Campos. No segundo número da Orpheu, Pessoa assume a direcção da revista, juntamente com Mário de Sá-Carneiro.

*Em Outubro de 1924, juntamente com o artista plástico Ruy Vaz, Fernando Pessoa lançou a revista Athena, na qual fixou o «drama em gente» dos seus heterónimos, publicando poesias de Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, bem como do ortónimo Fernando Pessoa.
********************************************************************


FERNANDO PESSOA Nome completo: Fernando António Nogueira Pessoa. Idade e naturalidade: Nasceu em Lisboa, freguesia dos Mártires, no prédio n.º 4 do Largo de S. Carlos (hoje do Directório) em 13 de Junho de 1888. Filiação: Filho legítimo de Joaquim de Seabra Pessoa e de D. Maria Madalena Pinheiro Nogueira. Neto paterno do general Joaquim António de Araújo Pessoa, combatente das campanhas liberais, e de D. Dionísia Seabra; neto materno do conselheiro Luís António Nogueira, jurisconsulto e Director-Geral do Ministério do Reino, e de D. Madalena Xavier Pinheiro. Ascendência geral: misto de fidalgos e judeus. Estado civil: Solteiro. Profissão: A designação mais própria será "tradutor", a mais exacta a de "correspondente estrangeiro" em casas comerciais. O ser poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação. Morada: Rua Coelho da Rocha, 16, 1º. Dto. Lisboa. (Endereço postal - Caixa Postal 147, Lisboa). Funções sociais que tem desempenhado: Se por isso se entende cargos públicos, ou funções de destaque, nenhumas. Obras que tem publicado: A obra está essencialmente dispersa, por enquanto, por várias revistas e publicações ocasionais. É o seguinte o que, de livros ou folhetos, considera como válido: "35 Sonnets" (em inglês), 1918; "English Poems I-II" e "English Poems III" (em inglês também), 1922; livro "Mensagem", 1934, premiado pelo "Secretariado de Propaganda Nacional" na categoria Poema". O folheto "O Interregno", publicado em 1928 e constituído por uma defesa da Ditadura Militar em Portugal, deve ser considerado como não existente. Há que rever tudo isso e talvez que repudiar muito. Educação: Em virtude de, falecido seu pai em 1893, sua mãe ter casado, em 1895, em segundas núpcias, com o Comandante João Miguel Rosa, Cônsul de Portugal em Durban, Natal, foi ali educado. Ganhou o prémio Rainha Vitória de estilo inglês na Universidade do Cabo da Boa Esperança em 1903, no exame de admissão, aos 15 anos. Ideologia Política: Considera que o sistema monárquico seria o mais próprio para uma nação organicamente imperial como é Portugal. Considera, ao mesmo tempo, a Monarquia completamente inviável em Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, embora com pena, pela República. Conservador do estilo inglês, isto é, liberal dentro do conservantismo, e absolutamente anti reaccionário. Posição religiosa: Cristão gnóstico e portanto inteiramente oposto a todas as igrejas organizadas e, sobretudo, à Igreja Católica. Fiel, por motivos que mais adiante estão implícitos, à Tradição Secreta do Cristianismo, que tem íntimas relações com a Tradição Secreta em Israel (a Santa Kabbalah) e com a essência oculta da Maçonaria. Posição iniciática: Iniciado, por comunicação directa de Mestre a Discípulo, nos três graus menores da Ordem dos Templários de Portugal. Posição patriótica: Partidário de um nacionalismo místico, de onde seja abolida toda a infiltração católico-romana, criando-se, se possível for, um sebastianismo novo que a substitua espiritualmente, se é que no catolicismo português houve alguma vez espiritualidade. Nacionalista que se guia por este lema: "Tudo pela Humanidade; nada contra a Nação". Posição social: Anti-comunista e anti-socialista. O mais deduz-se do que vai dito acima. Resumo de estas últimas considerações: Ter sempre na memória o mártir Jacques de Molay, Grão-Mestre dos Templários, e combater, sempre e em toda a parte, os seus três assassinos - a Ignorância, o Fanatismo e a Tirania. Lisboa, 30 de Março de 1935. Fernando Pessoa [assinatura autógrafa] Fonte: Cópia do original dactilografado e assinado existente na Colecção do Arquitecto Fernando Távora.
********************************************************************
"Era um homem que sabia idiomas e fazia versos. Ganhou o pão e o vinho pondo palavras no lugar de palavras, fez versos como os versos se fazem, isto é, arrumando palavras de uma certa maneira. Começou por se chamar Fernando, pessoa como toda a gente. Um dia lembrou-se de anunciar o aparecimento iminente de um super-Camões, um Camões muito maior do que o antigo, mas, sendo uma criatura conhecidamente discreta, que soia andar pelos Douradores de gabardina clara, gravata de lacinho e chapéu sem plumas, não disse que o super-Camões era ele próprio. Ainda bem. Afinal, um super-Camões não vai além de ser um Camões maior, e ele estava de reserva para ser Fernando Pessoa, fenómeno nunca antes visto em Portugal."- José Saramago. Cadernos de Lanzarote. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. pp. 642-644
*********************************************************************
“O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.”_ Fernando Pessoa; Autopsicografia; 27 de Novembro de 1930 (1ª publ. in Presença, nº 36. Coimbra: Novembro 1932.)
*********************************************************************
Considera-se que a grande criação estética de Pessoa foi a invenção heteronímica que atravessa toda a sua obra. Os heterónimos, diferentemente dos pseudónimos, são personalidades poéticas completas: identidades que, em princípio falsas, se tornam verdadeiras através da sua manifestação artística própria e diversa do autor original. Entre os heterónimos, o próprio Fernando Pessoa passou a ser chamado ortónimo, porquanto era a personalidade original. Entretanto, com o amadurecimento de cada uma das outras personalidades, o próprio ortónimo tornou-se apenas mais um heterónimo entre os outros. Os três heterónimos mais conhecidos (e também aqueles com maior obra poética) foram Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Um quarto heterónimo de grande importância na obra de Pessoa é Bernardo Soares, autor do Livro do Desassossego, importante obra literária do século XX. Bernardo é considerado um semi-heterónimo por ter muitas semelhanças com Fernando Pessoa e não possuir uma personalidade muito característica, ao contrário dos três primeiros, que possuem até mesmo data de nascimento e morte (excepção para Ricardo Reis, que não possui data de falecimento). Por essa razão, José Saramago, laureado com o Prémio Nobel, escreveu o livro O ano da morte de Ricardo Reis.

Através dos heterónimos, Pessoa conduziu uma profunda reflexão sobre a relação entre verdade, existência e identidade. Este último factor possui grande notabilidade na famosa misteriosidade do poeta.

“Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje, que pode um homem de sensibilidade fazer senão inventar os seus amigos, ou quando menos, os seus companheiros de espírito?”-Fernando Pessoa

A obra ortónima de Pessoa passou por diferentes fases, mas envolve basicamente a procura de um certo patriotismo perdido, através de uma atitude sebastianista reinventada. O ortónimo foi profundamente influenciado, em vários momentos, por doutrinas religiosas (como a teosofia) e sociedades secretas (como a Maçonaria). A poesia resultante tem um certo ar mítico, heróico (quase épico, mas não na acepção original do termo) e por vezes trágico.

Pessoa é um poeta universal, na medida em que nos foi dando, mesmo com contradições, uma visão simultaneamente múltipla e unitária da vida. Uma explicação para a criação dos três principais heterónimos e o semi-heterónimo Bernardo Soares, reside nas várias formas que tinha de olhar o mundo, apoiando-se no racionalismo e pensamento oriental.

*Álvaro Campos*
Entre todos os heterónimos, Campos foi o único a manifestar fases poéticas diferentes ao longo da sua obra. Era um engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa, mas sempre com a sensação de ser um estrangeiro em qualquer parte do mundo.

TABACARIA - “Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.”- Álvaro de Campos: "Tabacaria" (excerto)

Começa a sua trajectória como um decadentista (influenciado pelo simbolismo), mas logo adere ao futurismo. Após uma série de desilusões com a existência, assume uma veia niilista, expressa naquele que é considerado um dos poemas mais conhecidos e influentes da língua portuguesa, Tabacaria. É revoltado e crítico e faz a apologia da velocidade e da vida moderna, com uma linguagem livre, radical.

*Ricardo Reis*
O heterónimo Ricardo Reis é descrito como um médico que se definia como latinista e monárquico. De certa maneira, simboliza a herança clássica na literatura ocidental, expressa na simetria, na harmonia e num certo bucolismo, com elementos epicuristas e estóicos. O fim inexorável de todos os seres vivos é uma constante na sua obra, clássica, depurada e disciplinada. Faz uso da mitologia não-cristã.
Segundo Pessoa, Reis mudou-se para o Brasil em protesto à proclamação da República em Portugal e não se sabe o ano da sua morte.

*Alberto Caeiro*
Alberto Caeiro, nascido em Lisboa, teria vivido quase toda a vida como camponês, quase sem estudos formais. Teve apenas a instrução primária, mas é considerado o mestre entre os heterónimos (pelo ortónimo). Depois da morte do pai e da mãe, permaneceu em casa com uma tia-avó, vivendo de modestos rendimentos e morreu de tuberculose. Também é conhecido como o poeta-filósofo, mas rejeitava este título e pregava uma "não-filosofia". Acreditava que os seres simplesmente são, e nada mais: irritava-se com a metafísica e qualquer tipo de simbologia para a vida.

Tudo o que vejo está nítido como o girassol. 
Tenho o costume de andar pelas estradas 
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
É o que vejo a cada momento 
É aquilo que nunca antes tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo comigo 
Que teria uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento 
Para a completa novidade do mundo... 
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele 
Porque pensar é não compreender... 
O mundo não se fez para pensarmos nele 
(Pensar é estar doente dos olhos) 
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama 
Nem sabe o que é amar...
Amar é a primeira inocência,
E toda a inocência não pensar..."_Alberto Caeiro- 8/3/1914

Os escritos Pessoanos que versam sobre a caracterização dos heterónimos, "Pessoa-ele-mesmo", Álvaro de Campos, Ricardo Reis e o meio-heterónimo Bernardo Soares, conferem a Alberto Caeiro um papel quase místico, enquanto poeta e pensador. Reis e Soares chegam a compará-lo ao deus Pã, e Pessoa esboça-lhe um horóscopo no qual lhe atribui o signo de leão, associado ao elemento fogo. A relevância destas alusões advém da explicação de Fernando Pessoa sobre o papel de Caeiro no escopo da heteronímia. Citando a actuação dos quatro elementos da astrologia sobre a personalidade dos indivíduos, Pessoa escreve:

"Uns agem sobre os homens como o fogo, que queima nele todo o acidental, e os deixa nus e reais, próprios e verídicos, e esses são os libertadores. Caeiro é dessa raça, Caeiro teve essa força."- Alberto Caeiro

Dos principais heterónimos de Fernando Pessoa, Caeiro foi o único a não escrever em prosa. Alegava que somente a poesia seria capaz de dar conta da realidade.

Possuía uma linguagem estética directa, concreta e simples mas, ainda assim, bastante complexa do ponto de vista reflexivo. O seu ideário resume-se no verso há metafísica bastante em não pensar em nada. A sua obra está agrupada na colectânea Poemas Completos de Alberto Caeiro.

*Bernardo Soares*
Bernardo Soares é, dentro da ficção de seu próprio Livro do Desassossego, um simples ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa. Conheceu Fernando Pessoa numa pequena casa de pasto frequentada por ambos. Foi aí que Bernardo deu a ler a Fernando seu livro, que, mesmo escrito em forma de fragmentos, é considerado uma das obras fundadoras da ficção portuguesa no século XX.

Bernardo Soares é muitas vezes considerado um semi-heterónimo porque, como seu próprio criador explica:

"Não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afectividade."- Fernando Pessoa

A instância da ficção que se desenvolve no livro é insignificante, porque trata-se de uma "autobiografia sem factos", como o próprio Fernando Pessoa situa o livro. Dessa forma, o que interessa em sua prosa fragmentária é a dramaticidade das reflexões humanas que vêm à tona na insistência de uma escrita que se reconhece inviável, inútil e imperfeita, à beira do tédio, do trágico e da indiferença estética. O fato de Fernando Pessoa considerar (em cartas e anotações pessoais) Bernardo Soares um semi-heterónimo faz pensar na maior proximidade de temperamento entre Pessoa e Soares. Nesse sentido, para alguns, o jogo heteronímico ganha em complexidade e Pessoa logra o êxito da construção de si mesmo como o mais instigante mito literário português na Modernidade.

"Cada um de nós é vários, e muitos, é uma prolificidade de si mesmos.
Por isso aquele que despreza o ambiente não é o mesmo que dele se alega ou padece. Na vasta colónia do nosso ser há gente de muitas espécies, pensando e sentindo diferentemente." 
"Desassossego" – Bernardo Soares/ Fernando Pessoa

Fernando Pessoa foi marcado também pela poesia musical e subjectiva, voltada essencialmente para a metalinguagem e os temas relativos a Portugal, como o sebastianismo presente na principal obra de "Pessoa ele-mesmo", Mensagem, uma colectânea de poemas sobre as grandes personagens históricos portugueses. Publicado em 1934, apenas um ano antes da morte do autor, este foi o único livro de Fernando Pessoa em Língua Portuguesa editado em vida. Foi contemplado com o Prémio Antero de Quental, na categoria de «poema ou poesia solta», do Secretariado da Propaganda Nacional (SPN).

Mensagem, de Fernando Pessoa, 1ª ed., 1934.
PRIMEIRA PARTE: BRASÃO
I. OS CAMPOS
PRIMEIRO / O DOS CASTELOS

A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,

A mão sustenta, em que se apoia o rosto.
Fita, com olhar sphyngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.
O rosto com que fita é Portugal.

"Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse."- Mensagem- Fernando Pessoa
*********************************************************************

Elaborado por: RÓ MAR
Fonte: Wikipédia
Fernando Pessoa em Imagem de Vitorino Braga
13 De Junho de 2013
*********************************************************************

Poema de RÓ MAR – Homenagem a Fernando Pessoa -Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935)

Pessoa de múltiplas almas
E coração divino
A ti louvo o Hino,
Poeta de Portugal.

Nos Dias que vivestes
Todos teus foram,
Nos dias que sobejaram
Todos nossos são
Poeta da Humanidade.

Tua vasta sabedoria
E tanta outra filosofia
Em múltiplas almas desdobraste
Pela natureza que amaste,
Como ninguém.

Hoje, ouso dizer
Que o teu aniversário
É o planetário
De Verdades e quão sonhos
Que no Mundo é ser.

Não sei muito de letras,
E filosofias tenho as minhas,
Mas em ti vejo um Mundo
Que vale a pena, não pelo que é, 
Mas pelo que vale, e, quanto vale Mestre.

Nada sei, mas sei
Que és o nobre e único magistrado Poeta
Que sempre amei.

Na tua natureza,
A Flor é Flor,
A Borboleta é Borboleta,
E nada mais, só a cor das asas,
Ou das pétalas, a vida aos sonhos 
Que em ti são poesia.

Poesia que se sente de coração,
Que se vive na alma,
Que se ama acima de ninguém,
Teus versos são a nação.

Em todos os teus escritos 
Vejo um Mundo além,
Que é só teu, e, quão universal é, 
É a razão de tantos, a existência 
De alguns e o pensamento de muitos.

Não sei palavras Mestre
Sei emoções, e quantas
De te ler, o que não ouso escrever,
Pois tão sábias são, que nem sei
Como descrever.

Sei que és o mor magistrado Poeta,
O Mestre, o meu Hino,
Que louvo na mais terna glória
Escrevendo umas linhas
Poucas, um sentir quão te amo.

Hoje tenho de presente
Umas Violetas
Símbolo do meu amor,
Flor tão simples, mas vasta beleza,
Azul tal as almas
Que em ti são borboletas.

Pessoa o é e será em todo 
O sentido lacto da palavra,
“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
E com ela nasce 
O Grande Poeta,
O Poeta da Humanidade.

RÓ MAR - 13/06/2013

Sem comentários:

Enviar um comentário