Jardim dos Comentadores





Desde há algum tempo que pensávamos no modo de mostrar o carinho que sentimos por cada um dos nossos comentadores que dia a dia se desdobram para  manter vivo este espaço, lendo, comentando  e transformando num espaço vivo este Cantinho.

Pensamos que a criação deste espaço responderia um pouco a essa intenção de lhes mostrar o apreço e gratidão pela sua dedicação. Não para lhes retribuir o seu esforço mas para que sintam que os estimamos e apreciamos.

A partir de agora, dia a dia serão aqui colocados poemas seus, publicados no nosso Solar.

Esperamos agora os vossos trabalhos.

Solar de Poetas

A Administração


2014 11 27
Insolente

Vida porque és assim?
Porque me dás tudo a custo
E com facilidade ameaças tirar?
Vida porque te quero amar tanto
E insistes em me desiludir?
Que mal te fizemos nós?
Que te tiramos sem saber?
Porque não pedes de volta conversando?
Porque tens de ser abrupta?
E eu que nunca te pedi nada
Que sempre me contentei com pouco
E os meus que sempre me amaram
Porque padecem eles sem razão?
Porque sorrio um dia ou dois
Se depois me fazes chorar?
Como queres que te respeite
Que te viva intensamente
Se em mim a vida é insolente?

Sara Ribeiro


Incessante

Dói o tempo que passou.
Dói a lembrança que ficou.
A saudade é a esperança...
Imutável amor, uma ânsia.
No peito notável sentimento.
Herança de todo o momento.
Vida, por quê?
Emoção que jorra e transborda
Na alma, molha a face e acorda.
No mais profundo ser a sensação
É humano ser esta explosão...
Vida, por quê?!

Solange Moreira

Procuro a serenidade

Vento gélido cortante
Chuva forte em cascata
Um lugar contagiante
Orlado por verdejante mata.
Procuro a serenidade
Em recantos épicos
Mergulho com humildade
Nos meus voos poéticos.
Ao longe vislumbro o mar
D’onde partiram navegantes
Uma outra forma de amar
N’outros mares distantes.
Aquieto o barulho exterior
Que pretende tirar-me o sossego
Refugio-me no meu interior
E na inspiração a que me apego.

Ilda Ruivo


2014 11 26
À Lareira
Sentei-me junta á lareira

E Jesus eu queria ver 
Mas ele demorou tanto 
Que acabei por adormecer

O sono foi tão forte 

Não vi o jesus chegar
Veio tão devagarinho 
Com medo de me acordar

Quando acordei,fiquei triste

Pois partiu e nem o vi
Mas no sapatinho eu tinha 
Tudo aquilo que lhe pedi

Maria Tavares


Dançar o tango

São preciso duas pessoas
Para dançar o tango...
Podes querer que 
vai haver momentos na vida
em que não podemos
viver sozinhos.
Nesses momentos,
agarra-te à pessoa amada,
presta atenção ao ritmo
e atravessa sem medo 
a tempestade... com ele.

Tina Gante



Tradução

A linguagem falada não sou eu.

Os olhos que me espreitam
deixam-me confusa.
É a cara da vida cobrando-me.
Tenho a gana das palavras 'improferidas".
Sei nem se elas existem,
mas quero gritá-las ao mundo.
Pobre de mim!
Já não adianta falar.
Para quê?
Escrevê-las é como traduzir-me 
em silêncios que gritam.
Não me preocupo se entenderão,
mas eu falo!
Entender-me já é tão difícil...
Imaginem os outros me entenderem?!
Para mim 
basta o deslizar suave das pálpebras
sobre o papel amarrotado da vida
e lá está escrito o que me pulsa no peito, 
em duas letras. Eu!
Entendem-me?


Lígia Beltrão

2014 11 25

Folha solta

Com o virar da página
Tem sempre mais uma folha
Não solta,
Mas prestes a ser largada
Por dentro da madrugada
Levando a mensagem no tempo
Empurrada também pelo vento
Universo afora
Depressa e sem mais demora…
Eis que chega ao destino
Entregue ao destinatário
Endireitou-se
Vergou-se
Transportava o passado…
Era uma folha solta
Viajando no tempo
Empurrada pelo vento…
Adormeceu de cansada
Da viagem atribulada
Por levar sem mais demora
Um passado que passou
Um futuro que voltou…
Por agora fica parada
À frente da pagina voltada
Aguardando num novo pausar
Um presente de um passado
Há muito para trás deixado…


Albertina Correia



Borboletando

Baila a arte em espirais esfumadas que à luz 

é fio de sombra iluminada ao redor em vibrações 

significado nos expressivos movimentos 
sentem-se as ritmadas emoções da dança.


À musicalidade balançam na roda passos esperança

a ânsia do existir inteiro realçando a filosofia dos momentos 

que escrevem a grandeza de uma beleza ímpar.

Élia Morais Araújo

Natal de criança

Perguntei à minha mãe
Se eu me portasse bem
Se me dava uma boneca

Como bem me comportava

Tive então esse presente

A boneca que eu sonhava
Abria os olhos e fechava
Toda ela bem trajada
Vestida de cor-de-rosa
A minha boneca falava...
Chapelinho na cabeça
Era mesmo uma beleza
Dentro da minha pureza
A boneca que eu sonhava


Maria Tavares
2014 11 24

O aroma do amor

o amor tem o aroma da paz,

tem o perfume dum vento silente a bailar num prado lilás...

... uma rosa desfolhada nos confins dos matagais.


o amor tem o aroma da confiança

tem o perfume do rosmaninho a enfeitar os magnos campos

...um jasmineiro a exalar num canteiro.


o amor tem o perfume da entrega

tem o perfume do sal num oceano a acenar

...um lírio azul a perdurar na primavera.


o amor tem o cheiro da cumplicidade,

tem o perfume da terra regada pela chuva endeusada

...um limoeiro de áureas ramagens.


O amor tem o aroma do perdão,

tem o perfume do sol a refulgir altivo

...um malmequer branco a irromper na alvorada.


o amor tem o aroma da gratidão

tem o cheiro das lezírias a ondular

...um pássaro azul no arrebol dum crepúsculo de sonhar.


o amor tem as cores dum coração pleno de bem querer.

Emília Pedreiro



Ser feliz

Ser feliz não é

ter tudo sem lutar, 

subir montanhas sem sacrifício.

uma vida facilitada,

Caminhos sem barreiras
Ser feliz é 
Ser capaz de se entregar de corpo
e alma ao amor,
mesmo nos desencontros,
não é apenas festejar
e saborear vitórias,
mas aprender com os momentos infelizes,
e com os fracassos.
É ser capaz de entender
que vale a penas viver,
e saber ultrapassar 
com sabedoria todas as dificuldades
e injustiças,
todos os obstáculos.
Ser feliz é uma conquista!
É assumir!
É tornar-se maravilhosamente
bem e amar a sua verdadeira história.


Tina Gante


ADMIRÁVEL

Pingos, pingos prateados que caem.

Inocentes refrescam a terra e sabem.


Contentes eles purificam, a alma se aquieta

Aquela que sente o desconsolo inquieta...


Olha-se o solo absorvendo essa magia,

Regando com carinho as plantas, poesia.


Sentimento saliente se exalta, beleza.

A chuva, consagração dessa natureza.


Tão bem faz a um triste e solitário coração,

Que se ilumina vendo a alegria da vegetação.


Consolo de uma vida, um lavar da existência.

Molha a terra do ser vivente com terna paciência...


Solange Moreira

2014 11 23

Pétalas reflorescerão...

Escondem-se as mágoas

num recanto do coração

engolem-se as lágrimas

não se contendo a emoção.

Nas horas de solidão

aumenta a saudade

tanta é a sofreguidão

na procura da passividade.

E as flores outrora viçosas

pétala a pétala se desfolham

solidárias e desgostosas

caem no chão e se molham.

Mas nem sempre é invernia

outono ou o tórrido verão

também desperta a magia

da primavera e as pétalas...

novamente reflorescerão.

Ilda Ruivo




Porque te amo…

Eu sou a dama das essências inesquecíveis!...

inesgotável o manto das emoções

quando dizes que me amas.

Escrita invisível

mergulhada

uma cor nas faces...

tangível

pelo rosto adentro.
Também amo aquele olhar teu

que desperta a fúria das estrelas.


Élia Araújo


É preciso que se diga


Contra tudo e contra todos, 

Inadvertidamente eu amo

Amo o doce som de seu sorriso

Tal qual uma música apaixonante

Amo o ardente calor de seu olhar
Que me incendeia e me despe a alma
Amo o ousado toque em minha pele
Sempre com tamanha intensidade
Amo e por amar demasiadamente
Deixo você ir...
Irá seguir outro caminho
Talvez tentar novas paixões
Desejar sonhar um novo sonho
Mas... Saiba você que
Quando nada mais restar
E tudo estiver confuso
Até o barulho do silêncio incomodará
E, irremediavelmente, na sua solidão,
Eu, apenas eu, em minhas imperfeições
Estarei de braços abertos 
Poderei lhe acolher
Pois, indubitavelmente, e sem reservas
Pra sempre, e além, irei lhe amar...



Gislaine Lima

2014 11 22 

Enseada

Melancolia estadia do ser perante a vida.

Alma que se manifesta chorosa a partida.

São tantas angústias que ferem e quase

Matam os sonhos, aquele imaginário oásis.

Busca desenfreada da alegria, mas a solidão

Está como uma enseada que parte a emoção.

Aquela sinuosidade aberta para o mar e fechada

Sem razão ou talvez a fragilidade de ser encontrada.

Uma luminosidade que ofusca a visão neste momento,

Onde brilha o sol que testa a capacidade do sentimento.

Neutraliza a emoção que está enfraquecida e sentida.

Tudo é efêmero nada é permanente nesta vinda e ida.

Consolo da existência, o passo a passo transitório, modifica.

O curso de um rio rompe os obstáculos com coragem e se edifica.

Assim o caminho é seguido com dignidade às pedras ficam pra trás.

O carinho abraça e aquece a viagem e deixa a tristeza que fica atrás.

Solange Moreira



Guardado no tempo

Os galos em sinfonia

Cantam a pura beleza

Lá vem a barra do dia

Alvorecer da alegria

Prodígio da natureza.

A bicharada se agita

Nobre pedaço de céu

Lá a vida é mais bonita

Simplicidade é a dita

Ninguém joga o senso ao léu.

Vai acordando a família

Cada um sabe a função

Seu Pedro segue a vigília

Arado e bois vão à trilha

Cultivar o fértil chão!

Os bois vão firmes no eito

É muita terra pra arar

Pedro sente amor no peito

Leva o trabalho com jeito

A colheita vai fartar!

Debaixo de chuva, ou sol

Ele faz por merecer

Em giro de girassol

Plantar a cada arrebol

Pra produção florescer.

Eia, boi..., vamos lavrando

A plantar felicidade

O viver assim cantando

Alegria semeando

Nos rumos da eternidade!

Seu Pedro leva o sorriso

E o tempo foge entre os dedos

Saudar o hoje é preciso

Esperançoso e conciso

Da vida cunha os segredos

A noite volta cansado

Na mente jorra a canção

Na rede lembra o passado

Conta histórias do roçado

Nas linhas do coração!


Elair Cabral






Não quero


Saber os segredos
Do Sol e da Lua…
O casamento secreto
Entre aurora e crepúsculo.
Entender e desnudar
O que está por trás oculto 
No acasalar das noites e dias
Falseando teorias!

Mas quero

Na ciência do Universo

Ler estrelas e planetas

Neste Mundo tão complexo,

Apreciar a beleza dos cometas. 

Nos eclipses me inspirar
Encontrar um secreto mural
N’ele inscrever o verbo amar
E dedicá-lo a todo o comum mortal!

E…

A semente do amor espalhar

Sobre solo fértil de esperança

Ver canteiros a desabrochar

Fruitiva produção de bonança!

Ilda Ruivo

2014 11 21


Versos de amor

Olhar penetrante de forte emoção,

Canção a escorrer em cascata fluída,

Absorta no brilho..., adeus solidão,

Mergulho em faíscas ardentes de vida.


Flamejas carinho em pupilas de amor

Dedicas contente em poemas, querido,

Paixão que traduz no olhar matador,

No verso brioso o calor refletido.


Elevas ao céu, os delírios em ledos,

O’lhar já revela profundos segredos,

E a chama a aumentar no constante furor.


Carrega entrelinhas, de sóis flamejantes,

Escreves, poeta, em delírios constantes,

A força do olhar fascinado de amor.


Elair Cabral




Ai, o amor


Amor

Ternura

Amor canção

Amor 

Esperança

Amor

Amante
Amor
Olhar
Amor fortuito
Amor
Doçura
Amor 
Loucura
Amor
Paixão
Amor segredo
Amor 
Caminho
Amor Verdade
Amor diálogo
Ai o Amor... 
Amor
Lindo sonho
Amor 
Encantado
Amor 
Bondade
Amor
Entrega
Ai, este amor...
Que me mata
Sol da minha vida,
Sonho de eternidade...
Que és tu!



Tina Gante



Amores perfeitos

Nesse longo caminho a percorrer
Por muitos incessantes caminhantes
Vagueiam eles por quererem saber
E muitos continuarão errantes.

Buscam por amores perfeitos
Mas desses só conheço os de jardim
Perfeição e amor, abstractos conceitos
E a busca dos mesmos sem fim.

De banais amores morre o coração
Por pensar que os podem embelezar
Na busca do ideal o prémio é desilusao
Morrem os corpos sem saberem amar.

Sara Ribeiro


2014 11 19

No poder do amor

A creditamos demais

nos nossos sonhos,

nos nossos orgulhos...

Esquecemos a prática

da humildade e da tolerância,

o que leva a conflitos,

zangas, desordens, ódios...

Que tal pensar mudar de atitude?

O amor harmoniza as diferenças,
cura, vence medos,
renova-nos, dá felicidade.
Viver é acreditar na força
no poder do amor.


Tina Gante



SEMPRE SORRINDO...

Quem me vê sempre sorrindo

Não sabe o que estou sentindo

Desconhece meus segredos

Nem imagina meus desejos


Um novo sorriso a cada amanhecer

Sem nunca possibilitar transparecer

Resguardo a mim toda a emoção

Mantenho vedado meu pobre coração


Trago bem próximo, enraizado em meu ser

Amor sublime, fruto de grande querer

Mas em silêncio, sem nunca revelar

A natureza ou o fruto de meu amar


E sigo a vida sem qualquer explicação

Conservando para mim essa paixão

Mas sem jamais deixar-me esmorecer 

Na esperança de talvez lhe esquecer


E quem me vê sempre sorrindo

Talvez creia: esta teve um dia lindo

Mas a verdade por trás de tanta calma

É pertinente somente à minha alma...


Gislaine Lima
2014 11 18

O que de mim não sei

O que de mim não sei nem quero saber

São os limites desta minha imaginação

Se sem limites é a minha forma de ser

Na escrita com perfeita reprodução.


Não me importa ferir susceptibilidades

A todas elas respeito sem excepção

Lamento que firam minhas verdades

Ou que vos criem qualquer ilusão.


Se no olhar dizem dominar o mistério

No coração sem dúvida manda o amor

Talvez entre um olhar assim tão sério

Muitos visualizem ainda inquietude e dor.


No sorriso ausente que me predomina

Gargalhadas há para quem me descobrir

Talvez misteriosa seja minha sina

Talvez o destino de um suposto sorrir.


Sara Ribeiro




Ilusório

Susto sinal de vida que se aperta

Aperta ou querer se apartar?

Tudo tão confuso e absurdo

Será este lugar o chamado mundo?

Estranhamente se coloca a decepção

Somente uma forte ligação com a ilusão.

Assustado com o olhar triste e arregalado

Será a sina de uma vida ou o seu legado?


Quieto fraco e tristonho conformismo

Enfadonho este constante egoísmo.

Sonho tão belo, expectativa de se ter

A ânsia diante da esperança a luz do ser.

E ser para viver não a sentida doença

Diante do malquerer que não pede licença.

Orgulho que maltrata e fere a simplicidade,

Sem herança, tudo passa menos a generosidade...


Solange Moreira





Lampião a querosene

Cai a noite tão solene

A lua custa chegar

Lampião a querosene

Fumacento, mas perene

Vai o escuro iluminar


Pendura um na cozinha

Pra preparar o jantar

Outro leva a mocinha

Tomar banho na biquinha

Hoje o noivo vai chegar


Ali do lado de fora

O lampião ilumina

Uma viola que chora

O cantador sem demora

Ganha o olhar da menina


Depois da janta se junta

Todo o povo a conversar

O papagaio, só assunta,

Não se mexe, nem pergunta

Depois se põe a imitar


Sai causo de todo jeito

Celebrando o grande dia

Não sobra mágoa no peito

O querer é satisfeito

Nas sonatas da alegria


Assim o velho lampião

Cumpria a sina traçada

Aquecia o coração

A desbancar a aflição

Na fumaça dissipada


Alvorecer, uma graça

E antes que o tronco empene

O povo estica a carcaça

Nariz preto da fumaça

Do lampião a querosene


Elair Cabral


2014 11 17

Seu sol, seu luar

Viera nas garras de um pássaro

migrante e caíra ali, por acaso...

Uma meiga e frágil origem,

que fugira da sombra de uma

exuberante palmeira...


Jamais pensara ser traída,

pois, acreditava que o mundo 

seria o seu eu, seu sol, seu luar, 

apenas, em parto de inspiração,

onde se desenhariam epílogos 

de amor e vida!


Uma relva cobria o chão úmido

pelas lágrimas da natureza, 

em tempos de mistérios.


Devagar mergulhou no âmago 

da terra fértil... ,tão fértil que 

projetava além da vida!


Com sofreguidão despontara!

Veio o vento tempestivo,

com força de Sansão, mas ela resistiu...


A chuva a açoitar com pingos que doíam ao

tocar os sonhos, em tons de pele macia,

cegavam a visão de suas vontades...


Mas, ela resistiu...

Chegou o sol abrasador e numa ânsia

por energia, a fez murchar, 

e mesmo engelhada pela lassidão

das forças, resistiu...


Insetos sugaram com avidez sua seiva e

a morte parecia evidente!


Ao contrário das evidências, ela resistiu...

Cresceu e alcançou as alturas...

Hoje os antigos açoites,

curvam-se em reverências!


Elair Cabral



Meu corpo

Divago solitariamente

Por desérticos vazios

Procuro filosoficamente

Encontrar solenes caminhos.


Estradas muito sinuosas

Com curvas e contracurvas

Sobre elas teorias amistosas

Que na prática se descuram.


Extravasam mortes em silêncio

No âmago de malfadado destino

Percorrem a secura do deserto

Na procura d’um ténue curso de rio.


Corpo que sente na pele a secura

Na alma desolada e perdida

Abstrair-se da amargura

E mergulhar num mar intenso de vida.


Neste divagar, o meu corpo já cansado

Do meu espírito invisível se quer separar

Sente-se ludibriado de espinhos cravado

Exige a paz que lhe é devida e descansar.


Ilda Ruivo



Adejos de Rei

Comove-se o sol perante o verso por acabar 

envolve-o então com mãos de girassóis líricos 

lantejoulas de alma 

sorrisos de enlevar o espirito 

calor que lubrifica o coração

partículas de vento 

imberbes auroras boreais pulsando

borboletas adejando o lápis papel 

e cúmplices confidências.

Esgaça as sombras que procuram detê-lo

ao verso… 

e o silêncio imutável da palavra

gira de euforia em torno de cada silaba…

o poema ergue-se em filigrana que debrua o tempo

em ramos de sucessivos desenhos libertos.


Élia Morais Araújo



Restam as rosas

Restam as rosas que repousam no velho banco onde fomos felizes.

Ali no velho jardim onde o riso do sol nos entrava no coração, e balançava com doçura as árvores antigas e imponentes.

Eu sentia-me princesa do teu mundo. E sorria. Sorria flores carmim.

Tu chamavas por mim e eu corria abraçando tudo quanto era vida; Porque em ti renascia a cada alvorada. Tu eras minha fonte sagrada.

Via nos teus olhos o azul do mar imenso., na tua boca a cor rubra do entardecer. Eu sorria tanto e abraçava-te com amor.

Foi um tempo rútilo a ensandecer. 

As tuas mãos um milagre em minha pele a passear...asas de luz esse tempo de amor.

Restam rosas no velho banco. Calaram-se os risos nossos, os beijos de langor com sabor a amoras, as serenatas ao luar.

Sobre o velho banco jazem as rosas em memória do tempo esplêndido por nós vivido.


Emília Pedreiro

 2014 11 16

Escuta-me

Escuta amor...concede-me um pouco mais de tempo

preciso destrinçar esta razão de estar aqui...neste lugar longe de ti.


Escuta minha alma a te amar devagar e sem pressa,

meu corpo em frémito...só por ti.


neste vale inóspito e carente eu sou a chuva e o orvalho.

Nas alvoradas de esplendor sou o sopro puro de amor.


Longe de ti...um coração a beber dos momentos mais sublimes ,

um coração a repousar para mais e melhor te amar.


Concede-me um pouco mais de tempo eu suplico

não partas agora num navio de mágoa, ou pereceria de saudade.


irei para ti ao som de Chopin e dançaremos debaixo das estrelas

de bocas unidas num beijo de âmbar.


Escuta quando te falar nos banquetes que haveremos de dar,

a desfolhar alegrias numa taça doirada.

flameja nosso amor num jasmineiro em flor...


Concede-me mais um tempo e seremos um por toda a eternidade,

essa é a minha verdade.


Emília Pedreiro



Voltei...

Voltei do vazio

precisei "morrer"

n'um lugar frio...

e voltar a renascer!


Rompi sombras

por onde andei

verti cristais...

em forma de lágrimas

mas voltei!


O sonho fugiu

mas voltei a sonhar

saí do vazio...

para o encontrar!


Jamais direi nunca

extravasa o tempo.

O vazio atravessarei

novamente...

e a renascer voltarei,

sempre!


Ilda Ruivo 

2014 11 15
Eu, palavra
Silêncio!

Quem poderia calar-me?

O pensamento é meu!

Livre, ocupa o espaço

que lhe é de direito

e principalmente no silêncio

ele ecoa e toma formas

e grita...

É ai que eu me mostro

Inteira e nua.

Ninguém pode impedir-me

de ser eu mesma.

Escrevo-me!

Lígia Beltrão


Solidão

Albergo em mim silêncio e solidão,

indolência ...um vazio imensurável

golpes crueis dum machado implacável.

um amplo sonho na noite insone,

a flor a crescer, a lua no firmamento a girar

uma brisa quente, cantante e amável

Mas foi ilusão! ilusão...tangente é a solidão,

lágrimas confusas na alma carente

prisioneira abatida num túnel infeliz.

não há lampejos de cearas a ondear

nem margaridas num campo a espreitar

nem um amigo com um abraço feliz.

choram as rosas comigo...fertilizando

o solo árido e sedento do meu chão,

regando as brechas de meu coração.

Oh, meu senhor dá-me consolo e alento.

Ausência, turbulência...desalento,

o sol já não brilha no meu céu de incertezas

o mar já não cintila no azul dos meus olhos.

Quero com ardente sentir

desta tristeza sair,

caverna escura....onde escorrem lágrimas e soluços.

Sozinha no seio da vida...perdida...

embalo-me num fio de sol

mendigando um carinho...

cinzentas as nuvens escondem o sol,

ouço distante a água da nascente,

o grito estridente do vento a passar.

meus coração acende uma ténue luz

assim que me lembro do senhor da cruz.


Emília Pedreiro

2014 11 14

Sábia Liberdade

É o trepidar duma primavera 

vestes entardecendo bailando

voando envolvidas as folhas

como aves amarelas

num maduro céu um Arco-íris

pêndulo que passa cumprindo

rodopiando a mudança numa tela.

Solta-se o uivar dos ventos

arquitetando recados 

nas folhas um dizer desalmado

um tempo desalgemado 

que não adia versos um vendaval

iluminado pela floração outonal.

Desamarradas cores garridas

da folhagem recendem ecos 

um adeus até ao chão.

As águas correm lado a lado

sem dono

renovam-se 

eternas

num cenário fosco

imposto pelo Outono



Élia Morais Araújo



A Viagem

(Em homenagem ao meu pai, 
que faria hoje, 85 anos e já há muito 
que é mais uma estrela no céu a guiar-me)

Há muitos anos atrás

Uma menina viajou.

A sua terra natal

Para trás ficou

Era pequenina

Sozinha… chorou.

Deixava familiares

Colegas da escola

E amigos queridos.

Lá no desconhecido

Ainda não havia amigos.

Mas à sua espera tinha

O pai, tios e uma prima

Que o destino separou

E de novo os juntou.

Quase da mesma idade

A prima muito lhe ensinou.

Colhiam flores nos jardins

Outras escolas conheceram

Naquela hilariante cidade.

As praias paradisíacas

De águas límpidas e quentes

Onde se banhavam idílicas

Amigas sempre sorridentes.

Estava maravilhada

Com o que encontrou

Mas da sua Terra

Não se esqueceu

E a ela um dia voltou.


Ilda Ruivo 



Sénior criança

Não nos prometeram riquezas

Nem tão pouco durabilidade

No entanto foram-se as fraquezas

Com o chegar da idade.


E se a vida nos derrubou

Se nos maltratou sem razão

Tua presença sempre ficou

E acalentou o meu coração.


E sempre que te vejo feliz

Sempre que te vejo sorrir

Lembro-me de te ver petiz

Um homem por se descobrir.


E o tempo voa parado

De cabelos brancos te imagino

Eu trémula a teu lado

Sénior criança sem tino.


E o presente sem parar 

Eu quero sempre viver

Por saber que ao te amar

Feliz sempre hei-de ser.

                              
Sara Ribeiro
2014 11 13

Brisa de amor

No fundo do vale gelado contrito,

O ar que deleita sufoca no chão,

Então vem o sol poderoso, erudito

A brisa ele forma beijando o costão.

E flui nas encostas na forma de vento,

Enxuga as goteiras da lágrima triste,

Lavando a tristeza do velho lamento,

E a noite retorna c’a pena enriste.

O sol que se deita no dorso da vida,

E dorme sereno a sonhar c'a guarida,

Do beijo da brisa que espera o calor,

Refém da esperança resgata o sorriso,

E o tempo do tempo esperar é preciso,

E assim concretiza o fascínio do amor!


Elair Cabral


Mãe, estou aqui!!!!

Sentada junto à janela vendo a chuva a cair,

só, alma despedaçada, no olhar um vazio,

sentia, simplesmente, lágrimas salgadas,

que escorriam pela face como as bátegas

da chuva que batiam, de quando em vez,

na vidraça fazendo-a estremecer.

Levanta-se, com pensamentos alados,

não sabia o que fazer...

olha uma foto de tempos passados,

que a fazem enternecer.

Lembranças vagas... mas presentes

soltam-na do alheamento...

a lenha na lareira da sala crepita

é o carpir do seu lamento.

E num gemido de saudade

atrás de si...

um abraço, uma realidade!

Mãe, estou aqui!!!



Ilda Ruivo 
2014 11 12

Aguerrido silêncio

Não sei o tamanho dos teus olhos...

mas os meus dão à costa ondas delicadas de esperança

um sonho a procurar a luminosidade quase exausta da lua

nas rosas um encantamento ébrio suspenso em voos.

Escrito na leveza das borboletas repentinas

da nudez as asas uma dor empenhada 

o peso da saudade que se ouvia.


Élia Morais Araújo


Devaneio

Pensamento que brota

De dentro da minh’alma

Fragmentada… incompleta

Deserta… mas calma.

Por um instante quimérico

Preciso de espaço…

Ternura e deleite

N’um apertado abraço.

E devaneio

No passado…

Mas regresso ao presente

Sempre…

Não me aventuro…

O futuro, a Deus pertence.

Porque sou eu, natural

Simplesmente mulher

Sem azedume…

Sem queixume

A mim própria, igual!



Ilda Ruivo

2014 11 09
Véu

Morro todas as vezes que entristece a minha alma.
Não adianta ela que é meu norte e também minha morte.
Ela sabe mais de mim que eu mesma e me revela toda sorte
De sentimentos, que batem e chocam com o meu coração...
Ingrata ela, desconhece que a intensidade com a qual a emoção
Vem forte aguça a minha fragilidade e definha o meu ser.
Renasço todas as vezes que se alegra a minha alma.
Ingrata está sendo com ela que te ouve e sempre te acalma.
É verdade o que seria de mim sem ela, filtro dos meus sentidos.
Um véu lindo que eu não vejo só sente do mais profundo instinto.

Solange Moreira


Saudade em versos...

Nos versos que te canto

há a ternura de um beijo

a mesura do encanto

e muito muito desejo.

Desejo de te abraçar

ter-te junto a mim

para te poder apertar

num abraço sem fim.

Há um intervalo entre 

o meu e o teu silêncio

deste vazio inerente

que chora silente.

Neste ruído sibilante

que me faz meditar

no dia rejubilante

em que irás voltar.

Até esse dia chegar

versos vou escrever

simulo p'ra ti declamar

e acalmar o meu Ser.


Ilda Ruivo


2014 11 08

Olhar daltônico

Nascera em meio a selva

Tinha cor sim... Um pouco frágil

Mas, tinha o colorido 

alegre do cumprimento, 

do dia bordado de sol,

da mãe gestante

da chuva dadivosa...

De vida, enfim...

Mas, o mundo de olhar daltônico,

Não distinguiu a beleza das cores!

Ferida, ficou ali, em contração de parto...

O engasgo de revolta...

O vômito prestes a rasgar a garganta!

E então, formou ao lado das pétalas

uma espécie de espinhos a

espera do ataque do daltonismo do mundo!

O colorido permanece, agora arredio,

mas Protegido!


Elair Cabral




Dona de ti

Far-te-ei meu sem pudor

Farei com que haja amor

Serei rastilho da tua explosão

Serei o bater de tua emoção

O despertar do teu sono profundo

Nesse leito demasiado imundo

Serei totalmente dona de ti

Por me fazeres sentir o que nunca senti

Comandarei tua excitação

Serei em ti qualquer perdição

Deixarei de ser a provocadora

Serei realidade transformadora

O aconchego do teu corpo gelado

Quem amanhecera a teu lado

O fogo que em ti vai deflagrar

Tudo o resto e mais por te amar

Serei o toque alucinante

Em ti sempre delirante
Serei dona de ti por fim
Já que já o és para mim
E nesse fogo jamais apagado
Serei o teu sonho realizado
Nesse entreposto de utopia
Em que te excito em demasia


Sara Ribeiro




Pura ilusão…

Desenraizada do espaço temporal

Distancio-me em pensamento…

P’ra longe, lá onde tudo é intemporal

E onde o nada é tudo para sempre.

Utopicamente levito p’lo céu azul límpido

Contrastando com a negritude do meu sentir

Procuro desprender de mim arrepios híbridos

Das sombras de solidão do meu devir.

No pérfido espaço em que realmente habito

Há caminhos serpenteados e maliciosos

Com réstias de sol a lembrar-me que existo

E sinto os espasmos terrenos audaciosos.

Em pensamentos utópicos quis levitar

Sair da Terra, contemplar outra dimensão 

Sorver as nuvens e ao meu Eu voltar

Mas não sou nada… é pura ilusão.


Ilda Ruivo


2014 11 07

Distante

Sou filha do inconstante e fascinante vento
Aquele que vem de repente e passa lento...

Também daquele que chega com rajada forte
E traz a tempestade incontrolada e sem norte.

Acordaria em um dia de vendaval assim seria a morte.
Porque sou filha do vento.

E ele sempre me conforta é um alento.
Partiria para o infinito em suas asas que voam.

E ouviria o seu incessante barulho de onde ecoam
Vozes imaginárias perdidas no sussurro da ventania.

E sentiria na minha tez lívida a brandura da doce brisa,
Acariciando a chegada em um lugar distante minha companhia...

Solange Moreira 07.11.14



Protegida

Talvez seja errado amar-te assim
Talvez seja demasiado querer-te assim
Ver-te como minha plena protecção
Hoje, amanhã e nos dias que já lá vão.
Na verdade sinto-me pequena
E nunca me fizeste sentir tão grande
Sinto-me capaz de caber em tuas mãos
Protegida de quaisquer confusões.
E na imensa pequenez em que estou
Numa imensidão compactada
Tu me afagas a alma em segundos
Misturas com um beijo nossos mundos.
Sinto-me criança uma vez mais
Protegida no conforto de um colo
Embalas-me nessa doce melodia
De me amares mais do que pedia.
A realidade exige que eu cresça
Talvez tempo de ser pequena não mereça
Talvez mais logo eu volte a pedir
Em teu regaço eu sei que posso sorrir.
Protegida como um bebé recém nascido
Que se segura com uma mão
Sei que em ti terei o amor merecido
Sei que sou dona do teu coração.


Sara Ribeiro 

2014 11 06

Por ti

inventei palavras sem voz

de mil cheiros e sabores

feitas de ternura e raios de sol

que sorriem nos teus olhos

de mar,

 

com asas de pássaro

derrubaram muros,

venceram distâncias,

polvilharam o céu de estrelas,

viçosas pétalas de esperança

e cânticos novos.



Albertina Martins



NOSTALGIA

Quando escrevo no teu leito

há um diálogo imperfeito 

Talvez tenha que tê-lo e dizê-lo 

para dele extrair a dor 

e mergulhar no prazer de escrever, 

dilacerar o teu seio inquieto 

neste tema aberto, na nostalgia do entardecer.

Se me tocas 

trazes-me ainda a vontade de mudar o rumo,

a vontade de viver: talvez por ti, talvez por mim.

mas é certo que não te amo, não te quero perto, 

não se reuniram os astros para te fazer minha,

não se voltaram os búzios

para te incluir na minha sina,

e se me quiseres terá que ser a doer, 

porque aos pés da minha mãe não te vi,

porque, na hora em que nasci, gritei!



Teresa Almeida


Lágrimas dos devaneios

Ontem, chorei.

Chorei por mim,

Chorei por ti,

Chorei por nós!

Hoje, chorei.

Chorei pelo que semeei

E, pelas Primaveras floridas que nunca colhi!

Chorei pelo que caminhei

E, pelas pedras envergonhadas e pesadas do – não alcancei!

Chorei, por tudo o que dei

E, cujas logradas recompensas não acumulei!

Chorei, com as lembranças ancoradas no passado

E, com o temor pálido e gélido do intervalo de um destino!

Chorei pelas imensas páginas rasgadas

Feitas de ingratas lutas passadas! 

Chorei com a raiva e a loucura

De quem renuncia

E não retorna

Para o baloiço suave, delicado e tão sedutor da poesia!

Sim, chorei!

Como se o amanhã se esquecesse de pronunciar: 

- Madrugada!

Sim, chorei, chorei e chorei!

E por fim, regei todos os pesadelos com as lágrimas dos devaneios!


Marta Limbado




NÃO FOI POR ACASO

Não foi num banco qualquer
Nem em qualquer estação
Foi num banco de Paris
E na estação que eu mais quis…
Os outonos são sempre iguais
Dizem os entendidos
Para mim só tem um outono
Mergulhado no meus sono…
Pode até ser um verão
O nome da estação
Mas na minha memória
Ficou para sempre gravado
Aquele outono passado…
E, não foi em um banco qualquer
Foi num banco em Paris
Onde tudo é luzente
E mesmo com o cair da folha
Tudo é tão transparente…
Foi na cidade da luz
Que meu outono brilhou
Naquele banco com folhas
Naquela calçada alaranjada
Aquela conversa gravada
Para sempre eternizada…


Albertina Correia


Redemoinhos


São os poetas 
uma aurora 
empurrada pelos ventos...
são pensamento...
redemoinhar
de ressonâncias.
Desenham 
do íntimo 
planícies...
escrevem 
melodias nas folhas
de Outono 
a Outono.

Élia Morais Araújo.
2014 11 05

Cântico Viajante...

Veio...
Na fileira dos dias
das luas...
manifestando-se
por palavras suas
o Outono.

Sorri às ideias
que uns versos
lhe trazem...

Impoluto
seduzem-no
o enigma...
os atrativos
da natureza
desenhando gestos
venerando
a elegância requerida.

Lá vai...
feito tecido
capa
pão
ninho
água
vento
calor
frio
telas...
decoradas
de aventuras
pedaços de tempo.

E lá vai...
afinando
as cordas musicais
que guardam
concertos
vendavais...
firma joelhos de ruídos
e cura
as feridas à Terra.

Élia Araújo.


Reflexão ….

Na memória a fluir

amores, desamores e o prazer

dos gestos inacabados…

nas ilusões a florir…

pela bruma ao anoitecer

de sonhos floreados.

Na memória a perplexidade

de algumas sensações e expressões

dos saberes da ancestralidade

que desenraízam corações.

Os sentimentos são iguais

as vagas ilusórias do certo

ou do incerto são ancestrais

mas o querer do Ser é concreto.

As estruturais mudanças 

afinal somente são…

espinhos no púlpito de esperanças

prostrados pelo chão…

Será ódio, amor ou, simplesmente ilusão

nunca o saberei…

mas sei que o ancestral amor
vai passando de geração em geração
E eu… guardá-lo-ei no coração.

Ilda Ruivo


Quero um jardim…

 um jardim só para mim
É um jardim imaginário
Feitos de letras e letrinhas
E se me querem encontrar
Basta em palavras me procurar
Onde elas existirem
Por certo lá estarei
Ē um jardim de letrinhas
Igualzinho ao que sonhei…

Albertina Correia



Sonhos refeitos

Bebi numa taça de lindas lembranças,
Do tempo gostoso que o amor florescia,
Nas linhas das cartas saudade crescia,
Rubente nas faces da alma criança.

A espera da sorte ferveu meus sentidos,
Joguei minhas tranças em busca do laço,
Que andava perdido vagando no espaço,
Em busca do encanto do amor merecido

Achei-te na gruta de pedras preciosas,
Colhias com gosto a mais linda das rosas,
Dos anjos trazias sorrisos perfeitos.

Vibramos no auge do amor tão sonhado,
Sentimos o vento nos rostos molhados,
Da chuva gostosa dos sonhos refeitos.

Elair Cabral


Sejamos

Sejamos de hoje em diante mais
Sejamos o dobro do que já fomos
Sejamos continuamente assim
Compreendendo-te a ti e tu a mim
Num "olá" reconheces-me
Sabes se algo me incomoda
Posso tentar, mas não te engano
Posso mentir, mas vais descobrir
Simplesmente não o faço
Não vejo razões para o fazer
Para ti verdade irei sempre ser
Toda a empatia que existe em nós
Como se falassemos numa só voz
Todos os sorrisos partilhados
E os excelentes momentos guardados
Todas as vezes que grito contigo
E tu tens paciência comigo
Por todas as vezes que possa enfurecer
Por asneiras não te ver cometer
Todos os segundos que a saudade magoa
E em segundos me fazes rir à toa
Por saber que ao me fazeres rir
Em ti consigo fazer sorrir
Por toda a força que ofereceste
Todo o carinho que me deste
Por toda a reciprocidade
Toda a presença e naturalidade
Sejamos sempre assim
Amiga pra ti, amigo em mim.

Sara Ribeiro




A Chuva e o Sertanejo

O sertão amanheceu com chuva
Sabe-se lá o que se deu mas o dia chegou
Trazendo com ele a chuva
E o sofrido sertanejo de alegria até chorou

Vamos preparar a terra
Grita o humilde agricultor
Não cabe em si de felicidade
Pula e chora, pondo fim a tanta dor

Chove a chuva sem parar
Transforme o sofrido sertão
Venha nossa lavoura irrigar
A colheita sera boa, dá para imaginar

Canta alegre a passarada
Na copa do umbuzeiro
A criançada brinca na chuva
Correndo pelo terreiro

O sertão está em festa
Com a chuva que chegou
O sertanejo canta feliz
Que o sofrimento acabou...

Jose Mario
O Poeta do Sertão




TU

Tu,… és o Sol que aquece, 
Meus dias de invernia e solidão.
… És a Estrela brilhante, 
Iluminando a minha noite.
Tu,… és os braços que abraçam, 
Aconchegando-me quando estou triste.
… És o carinho das palavras ditas,
Aos meus ouvidos ansiosos.
Tu,… és o corpo que me aquece, 
Deleita na minha paixão.
… És o Homem que me espera
A quem entrego o coração,
TU... ÉS...


Maria Helena- Rosa Amarela



Novos caminhos
Tentarei acertar
nos caminhos a escolher,
flores, brisas...irei colher!
E na sinuosidade a surgir um sorriso irei dar.
Espalhar harmonia na crista do dia,
como pétalas delicadas por mim mui amadas.
trilharei novos caminhos,
desbravados com fervor,
um canto de cotovia...alva ,
bela melodia!
Tentarei novos caminhos percorrer,
colher ternuras...e simpatias.
Espalhar sorrisos vindos do coração,
nascidos da precisão e emoção.
Brumas de cor azul hei-de espalhar,
versos ao mundo a declamar.
ser um sentimento caloroso...um abraço gostoso.
Colherei harmonia, flores e brisas!
serei assim...como sonhei!


Emília Pedreiro





Um sorriso em cada florir
Quando abro as janelas
p’ra além de avistar o mar
vislumbro um parque e jardim
de palmeiras altas e frondosas
que nos convida a descansar.
À tarde quando por lá vou passear
sentada num banco desse jardim
com a paisagem a admirar
sinto o cheiro a maresia
e a brisa, minha face, vem beijar.
O Sol vai rompendo brilhante
por entre nuvens pardacentas
anunciando um novo dia 
que se espera radiante.
Passam crianças p’ra escola
com doces sorrisos a semear
cada uma com sua sacola
vão aprender e no recreio reinar.
As flores desabrocham a sorrir
apesar das agruras do ciclo de vida
dão-nos um sorriso em cada florir
ao expelir o perfume dia a dia.
Os pássaros, em bando, a chilrear
oferecem-nos pedacinhos de céu
na sua forma melodiosa de amar
tiram-nos o âmago do breu.

Ilda Ruivo




LAMENTO

Tocas atrevida a alvorada
De o último despertar
Fazendo a vida labutada
No fim do tempo se encerrar...

Chegas mansa e sorrateira
Enganas com teu sorriso fingidor
E queres de qualquer maneira
Levar-nos no regaço deixando a dor.

Não escolhes o de cor ou de poder
Queres igualar a todos sem distinção
Mostrando ao mundo e a todo ser
Que nessa hora não adianta presunção.

Não tem um do outro diferença
Pode ser crente, com fé, e tudo o mais.
Ou, aquele maldizente sem crença
Leva-os com tua fome voraz...

E as trombetas dos anjos em festa
Recebe as criaturas todas com a mesma sorte
Espalham-se os odores que a terra infesta
Oriundos de ti... Ó desgraçada morte!

Lígia Beltrão




Recordar
Recordar
Deixa-me
Triste
E tantas
Vezes alegre.
Sei
Que me amavas
Porque
Naquela noite
Senti
As tuas lágrimas

Isabel Beato




Alma singular

Paredes em túneis de indagações
Psicografei em caracteres de emoções,
Meu desejo de saber se minh’alma é plural...
O tempo não dá tréguas, silêncio crucial...
Volto o olhar para o mesmo e vazio túnel.
Sem luz no final..., mente em babel! 
Se sou, por que me é impossível vislumbrar?
Eterno murmurar...
Trêmula, angustiada, essa é minh’a alma?
Paredes testam minha calma...
Saio do vácuo e, enfim, percebo meu horizonte!
Paisagens cobertas por brumas de ontem...
Resposta definida!
A espera de vida.... 
Preciso pintar... Desenhar,
Diagramar para me achar!
Pontuar os versos, carregar entrelinhas,
Lançar olhar de “ver” para as vinhas...
Em fios de amanhecer, sorrisos tecer
Plantar a semente do querer,
Regar a cada vez que o sol se pôr.
E esperar o florescer do amor!
Alma singular... Perene alvor!

Elair Cabral



A cena…

Ela chega airosa, inebriada com cheiro a canela da fragrância quente amadeirada.
Entrou descontraidamente, embora ansiosa, num espaço aberto, decorado a gosto, em tons de branco e pastel, cores sóbrias, para o cenário que se pretendia.
Inalando os aromas e misturas de cheiros, com a temperatura fresca, olhou pelo espaço adentro, numa procura já esperada e que há demasiado tempo não vislumbrava.
Mas lá estava a personagem ainda querida, não esquecida, de tronco nú, que tão bem conhecia, à espera do início das filmagens.
Numa cumplicidade de olhares que ambos conheciam, esperaram as indicações, sem trocarem quaisquer gestos ou palavra.
Finalmente as temidas indicações, para toques de mãos, a correspondência de abraços e o momento estava a chegar… os beijos técnicos que não conseguiam executar.
Mas eram actriz e actor. Os beijos reais de outrora, molhados e prolongados, que já foram seus, somente os teriam que simular.
A temperatura subia, suas bocas um verbo murmuravam, mas tinham medo de no filme o conjugar.
Dançavam à chuva apaixonadamente, disfarçando segredos íntimos, contidos e reprimidos no cerne do seu ser.
Perderam-se na cena, esqueceram-se do que para a ficção aprenderam, só a realidade valia a pena.
Extenuados ficaram, na dança que era deles, na noite chuvosa ornamentada de pétalas brancas, caídas do céu para os abençoar e brindar com licor de mel, num bailado de amor e sabor…

Ilda Ruivo



DANÇA LOUCA
Um dia dançaremos assim
Seremos fogo debaixo de chuva
Uma dança louca sem fim
Uma loucura que cedo madruga
Serei cada passo do teu dançar
Serás o par que me vai completar
Em movimentos sensuais
Em passes clássicos e fulcrais
Nessa estruturada sincronização 
Seremos a mesma direcção
O mesmo dramatismo
O perfeito rodopiar
A valsa, a rumba, kizomba quiçá
Seremos variedade e perfeição
Deixar-te-ei conduzir-me pela vida
Seguir-te-ei no mesmo ritmo
No meu olhar o teu bailar
Na minha pele a tua coreografia
Faz-me rodear-te de piruetas
Agarra-me e lança-me pra longe
Desliza no chão até mim
Sejamos o tango em que te amo
Nessa decisão em que te quero.
Serei o vermelho que te fervilha nas veias
O suor ritmado a marcar compasso
Todo aquele toque devasso
Se amar for devassidão
Sara Ribeiro





TEMPO SEM HORAS

Chega um momento, que estamos vazios de acções e pensamentos…
Chega um dia, que não queremos que ele se lembre de voltar, para dele nos fazer lembrar…
Chega um dia que parece tudo adormecido…
E quando esse dia chega, nada parece fazer sentido…
Coisas da mente que por ser mentirosa, se deixou por demais exposta , frágil e caprichosa…
Esse dia chega num qualquer dia, sem avisar para que nos possamos preparar…
Esses dias e momentos, que se guardam como tormentos, que vão e vêm, como o partir e regressar, só mesmo para nos atormentar
São dias infinitos, sem hora de chegada, e sem aviso de partida
Partindo com nosso ideais, deixando-nos como idiotas , esperando seu regresso sem sabermos se está errado ou certo…
É, são mesmo dias incertos, na incerteza de cada momento, que nos fazem esperar sentados estes dias sempre atrasados…
(estados de alma)


por: Albertina Correia



Meu corpo, poema teu

D’um beijo fiz um poema
Em pétalas cerzido
Das flores sobre a mesa
Onde jantava contigo.
Eram murmúrios de amor
Rendilhados em cada pétala
Que ia soltando de cada flor
Para te mimar querido poeta.
Retribuías-me com malícia
As palavras que te dizia
Em momentos de carícia
Outro poema surgia.
E nas auroras cinzeladas
Versos, um ao outro, dizemos
Por entre manhãs douradas
Onde alados permanecemos.
Não temos pressa de escrever
Vamos fazendo-o lentamente
Na poesia sentimos o prazer
Que nos delicia mutuamente.


Ilda Ruivo


ÚNICA
Podem ser dez, podem ser cem
Infinitas em tua longa vida
Nenhuma me suplanta porém
Por ti não serei esquecida.
Cada beijo que te provoquei
Cada olhar de pura heresia
Sei que sempre te marquei
Sou tua única profecia.
Sejam mil, sejam elas milhares 
Sou a única capaz de te alcançar
Só a mim foste capaz de amares
Só a mim quererás amar.
Pretensão? Não façam confusão
Só eu sou o teu verdadeiro amor
Anos a habitar teu coração
Elas vão, eu fico seja como for.
Talvez pretendas a parva cegueira
Talvez seja cedo para assumir
Mas a verdade chegará sorrateira
E perceberás porque sempre sorrir.
Pode ser tarde ao conseguires ver
Pode a boca outra já beijar
Não lamentes por me perder
Ou por já não te fazer pecar.

Sara Ribeiro


>ARREPENDIMENTO<
O que me dói no coração ferido
que me arrebenta, ignaro de amor
é ter-te feito tão querido
e teres me dado tamanha dor.
Hoje o meu peito é sofrido
meu caminho íngreme, sem calor
minha voz é pranto sentido
que chora, o que o tempo matou.
O sofrer que brado agora
que fez-me triste, desiludida
há muito no meu peito mora
é a minha dor mais sentida...
Por ter-te um dia, entregue
de amores e sonhos perdida 
na minha alegria ilusória – há quem peque!
Em tuas mãos, a minha própria vida.

Lígia Beltrão


Conquista do paraíso
Paraíso de Eva, e Adão
Dia-a-dia é uma conquista
As lágrimas de emoção
Que brotam do coração
Em sorrisos otimistas
Mar de amizades sinceras
Tem-se cuidado extremoso
Amigos não são quimeras
São universos, esferas
O Koh-i-Noor misterioso
Convivências são mergulho
Na conquista de um tesouro
Cada ser tem seu orgulho
Permanecer sem barulho
Conquista com peso em ouro
Conquista do paraíso
De um amor em profusão
Seguir a rota é preciso
A navegar em indriso
Pesponta a composição
De conquistas segue a vida
A semear bom viver
Ladrilhando os convívios
O tempo é Senhor preciso
O que plantas vais colher

Elair Cabral



Onde Meu Seio se Exprime.
Amei-te
antes
do outono dos meus dias
antes
de tudo se ter quebrado despido
dos pássaros serem cinza
lilácea a melodia sem titulo.
Amo-te 
depois de me leres
a flecha da solidão
que me irrompe
poema adentro...
mesmo
ardendo-me
na terra o capim
o interior.
Amo-te
nas asas anoitecidas
do sobressalto
das páginas outonais
ligo-me ao voo das folhas
que cumprem
a escolha definitiva
enfeitando o chão
compondo silêncios
cumprindo as complexas
coisas do coração.
Te quero meu amor...
e nada sabes de mim…
o corpo a boca ardendo
um resto de Abril e Setembro
paisagem folha ave
trazidos na água do meu corpo
invisível voz do eterno.
E no canto do teu peito…
sou
serei
nada.

Élia Morais Araújo.



PARECE
Parece que te conheço desde que nasci
Que foram teus os primeiros carinhos
Parece ter ouvido a tua voz desde sempre
Tua voz que me embalava o sono
Parece que te conheço desde que sorri
Que sempre partilhamos mesmos caminhos...
Surgiste em minha vida muito depois
De uma forma totalmente inesperada
Sem saber fizemo-nos parte da mesma pele
Bater do mesmo desamparado coração
A certeza de nos pertencermos mutuamente
Sem divisões, uma única e forte razão
Um do outro num profundo conhecimento
Uma forte motivação e aproximação
De nós, do mundo, o reconhecimento. 
Marcamos a total diferença
Eu e tu juntos, pura efervescência
Impossíveis de derrubar
Imbatíveis sem questionar
Eu e tu, mesmo tronco, mesma ramificação
Juntos sempre, acima de qualquer discussão.

Sara Ribeiro 
30/Outubro/2014


Irmãos contra irmãos
Venho de desconhecidas eras
na solidão da natureza morta 
tentar pagar as minhas parcelas
para blindar a minha porta.
Escondidos nas catedrais mais ricas
sucumbem os deuses dos homens desesperados
ornadas de anjos a cantarem esplêndida sonata
e os humanos grunhindo feito cães danados.
Triste mundo de ilusão completa
sem primaveras, sonhos ou amores
fazem da terra devastada e deserta
o clamor sangrento de infinitas dores.
O amor da humanidade é mentiroso
e há de deixar no peito a maldita marca
das dores horrendas sob o céu sem estrelas
de criaturas vencidas pela deusa Parca.
No firmamento estrelas de fogo explodem
numa perseguição que não tem pausa
numa dor sem tamanho que eclode
sem conseguirmos encontrar explicação ou causa...
Para fazerem dor e morte como destino
cadê o amor fraterno, ó raça condenada?!
Com o peso incomodando, do ódio assassino,
suplica o mundo, de olhos chorosos erguidos ao nada...
Para que novos tempos hajam de vir ainda
e que nas terras secas de um sombrio chão
a paz se faça, porque só assim a dor se finda
e a partir daí, vejam-se um ao outro, como irmão.
Que a aurora dos novos homens unam esses povos
extinguindo pelo amor o torpe e sangrento brigue imundo 
que amanhã sejam pálidas lembranças entre os mais novos 
deem-vos as mãos, o tempo é outro, e sede um só, no novo mundo!

Lígia Beltrão


Não, Não!

Não, não! Não digas nada.
Deixa-me simplesmente só
Nesta sinuosa caminhada
Não, não, não tenhas dó!
Sabes que acalento no peito
A esperança renascida
Daquele amor-perfeito
Florir de novo na minha vida!
Eu sei, que não acreditas
Mas deixa-me sonhar
Fazer as despedidas
E no meu mundo voar!
Não, não! Não me tires a ilusão
Nesta efémera madrugada
Da doce sensação
D’uma eterna apaixonada!


Ilda Ruivo


Joias de amor
Eu mergulho neste mar de raros versos,
e passeio sob a água/garimpar,
na esperança de encontrar nesse universo,
A pérola para num anel te dar!
O castelo só de amor quero enfeitar,
com as pedras que juntarmos com fervor
segurança pro meu tenro caminhar
Que destaca forte pilar protetor.
E por isso eu te espero c’aquele beijo
Que ficou em brancas ondas do desejo
Fascinada por teu lírico versar.
E inspirados pra mais bela sinfonia
Pautaremos a vivência de alegria,
para as joias deste eterno amor brilhar!

Elair Cabral



sou eu 
aqui…
já entreguei ao sono o respiro dos versos
na vasta lentidão dos gestos do tempo 
traduzindo mistério inquietação…
denuncio-me ao pedaço de sangue da minha voz.
Quero ler a vida apenas…
convoco a minha própria fala dispersa
como aves coisas lugares…
da obscuridade da névoa
um desossado corpo celeste
desativado de crença.
Afundaram-se as pontes estranhamente
à hora passada do lado de dentro da história
e choro na extensão de um céu que reflete as tuas pegadas…
lá estás tu… sempre tu…
a praia a que pertenço e me cobre o olhar
luminescências dos olhos da noite
onde aprendo a estar contigo
diante do adeus interminável do teu nome
que a memória não cala
o teu (meu) chão.

Élia Morais Araújo



Fui Inverno
despi-me das palavras
que um dia rasgaram 
meu corpo cansado 
vestido de noites frias
e lamentos,
...
partiu o inverno que fui
onde soltei a dor e a mágoa
numa chuva de sonhos e rosas
com pétalas macias e perfumadas
da primavera que floresce agora
em mim.
Albertina Martins 23/10/2014




PORQUE A POESIA VIVE...
Porque será que surgiu a poesia?
A poesia é assim, nasce no sentimento
feito o perfume e a flor, amor e pensamento.
Não sei bem o que é ao certo
Não insista em perguntar de onde vem!
Pergunte a quem inventou primeiro!
E se nasceu na alma de alguém.
Poesia é falar de uma simples cor
E surge então um belo poema de amor!
E porquê será tanta sensibilidade?
colocada no papel, em trovas e versos
As vezes mentira, outras pura verdade
Mas todas elas falam de um grande amor
Em todas as línguas do mundo
feito arco iris numa folha cheia de cor!
Poesia tem gosto de saudade
É coração destilando sentimento
Que gosto é este pela poesia...
que o papel em tinta invade?
feito o aroma e a flor, amor e a saudade
a poesia é a alma da verdade.
Ouvi falar que de uma simples cor
surges um belo poema de amor!
E porquê será?
Porque gosto de cor?
Ou porque sinto o amor!
Tal como eu gosto do meu mundo
feito arco iris do amor em cor!
Que gosto é este pela poesia...
Faz nascer o poeta eterno
Poesia tem aroma de todo dia.
Poesia tem cor de sonho alado
É o dom de escrever um lindo fado.
A minha poesia é escrita num rompante
assim,ás vezes,com palavras em versos
e rimas,e,ás vezes sem um fim
Só PORQUE A POESIAS VIVE em mim
É por isso que a termino assim.
Rosangela Ferris - 16/10/14


"A poesia é a arte de materializar sombras e de dar existência ao nada."
(Edmund Burke)



29-11-2013




Fui Inverno
despi-me das palavras
que um dia rasgaram 
meu corpo cansado 
vestido de noites frias
e lamentos,
...
partiu o inverno que fui
onde soltei a dor e a mágoa
numa chuva de sonhos e rosas
com pétalas macias e perfumadas
da primavera que floresce agora
em mim.
Albertina Martins 23/10/2014



PODE PRENDER

Prenda delegado, pode prender
essa dona sinhá que rouba
roubou depressa o meu amor
e agora não me resta sobra.

Prenda! Vamos logo homem da lei
não se demore tanto assim!
Acorrente o pranto de uma vez ...
e traga-me esse encanto pra mim.

Eu nem dei fé quando fiquei
atordoado com esse amor
o que sei é que logo amei
essa lindíssima e bela flor.

Mas se prendeu pode soltar
e não precisa de castigo
ela é sim o meu amar
sem ela no mundo não vivo.

A. Montes


28-11-2013


(Filosofando)


 Parece-me que o dia nasceu de plumas amarelas…
Como aquele pato que um dia nascera na casa da minha mãe.
Não era como os outros, de cor preta azulina;destoava do resto da ninhada que andarilhava com toda a liberdade pelo páti...
o da casa.Tenho na lembrança, um girassol, no quintal ondulando…talvez dançando, agarrado ao vento, também de coração acastanhado, acetinado, naquele dia, tarde arredia e ruça!Varria as folhas dos eucalíptos plantados por meu pai, a ventania… a passarada fabricava os ninhos com tecidos de ervas duras, e bamboleavam-se pendurados nos ramos resistentes.Da oficina surgiu a obra-prima, consequência do aprimorado labor dos “ tecelões “, nome dado aos passarecos amarelos.Descrevo a beleza da urbe…seios magníficamente delineados, pelo sol, talhados a rigor pelos bicos…o sol era de ouro…os pássaros também!
Parece-me que o dia nasceu de plumas amarelas…
Como as searas de arroz que o meu pai semeava, rasgado o negro ” matope “, com um desvelo incrível, da arte que se completa com a colheita.Essa era imcomparável!...Era a seara do meu pai, de ouro farta…porque Deus estava na sua “ machamba “…a vida, na boca dos seus dez filhos!...
Hoje, pareceu-me que o dia nascera de plumas amarelas.
Será, que estes dias sem “ respiração “ nascem das estrelas!?Ontem à noite, eu olhei para as estrelas…
Luzi com elas e adormeci!Se calhar, semearam-me o barro da minha terra!
Fui feliz por uns instantes!...

Élia Morais Araújo




27-11-2013

TEMPO

Naquela manhã de 4 de Maio eu nascia,
E o tempo correndo na linha do tempo,
Cantava o destino, a vida, pensamento
Que o arco do destino no tempo, trazia!...


O tempo cantava a beleza da primavera,
Chorava e ria com tão belo nascimento,
E a verdade do tempo, seguiu o vento,
E flores nos canteiros bendiziam a terra.

O tempo levou-me sempre em correria,
Como " sujeito" do tempo, ou do vento.
E como poema, o " verbo" era o tempo.

E assim, vivendo a ilusão de mais um dia,
Fui instrumento, uma cantata do tempo,
Circunstância de vida, que irá no tempo.

Conceiçao Roseiro






26-11-2013



 Lágrimas de Emoção



Perder-me na escrita...
viajar no branco do papel,
é como que, uma visita...
a um País e estadia num Hotel.


Permanecer e olhar pela janela,
visionar flocos de neve a cair...
inspirar-me na paisagem bela
e na noite deixar as palavras fluir.


Transmitir o que se sente,
na alma e no coração...
e tudo o que vai na mente,
com amor e toda a emoção.


A distância sentida nas lágrimas,
a escorrer pela face já molhada,
não consegue secar as mágoas,
e a desilusão da vida tão sangrada.


Ilda Ruivo



25-11-2013


DIAS SEM HORAS

Não consigo entender.
Escapa a minha compreensão.
Dias e dias
Horas sem horas.
Um tempo que se paralisou.
E tudo passou.

Como aquela forte e
Intensa chuva.
Vem inunda e
Depois de escoar,
A impressão
Que se tem é
Que nada aconteceu.

Solange Moreira



23-11-2013


Ditas-me poesia

Não vejo um sorriso aberto
quando de mim te abeiras
nem o som de sonora gargalhada
vejo um sorriso  tão subtil
que   borbulha em mim
como golos  de champanhe
espumante de casta dourada
 Vejo no verde do teu olhar
finos  raios  de sol
e no azul da minha loucura
só me aquecem a mim
se não me ditasses poesia
se  não te derramasses assim
como é que eu escreveria?
Teresa Almeida
                                                                        


22-11-2013







CONVERSEI COM O TEMPO




 Dizem que passas, mas ficas,
deixas marcas sobre tudo...
Envelheces as crianças,
desmascaras ilusões,...




amadureces os frutos,
escancaras os corações.

Tenho dó tempo.
Pensas que tens poder,
mas não resistes ao teste,
de me apagar a memória!...

Minha vida , minha história,
gravam-se em tua pele,
tatuagens indeléveis,
da minha passagem leve.

Seguimos, assim, lado a lado:
O tempo que pensa que pode
passar por sobre a existência,
uma existência que pensa
que pode sublimar o tempo...

Adriana Ferreira















21-11-2013


Meu infinito desperto

Há ventos soprando instantes de mim
Volúpia na travessia do meu deserto.
Perfume polinizando sensações sem fim
No cintilar do meu infinito desperto ... .

Helena Martins



20-11-2013



(Re) nasce

Quando tudo parece estar no fim
O início chega e diz:
Não é bem assim.
Faz germina de mim...
Um intenso sentir
Que me deixa exatamente
No inicio de mim.

 Enide Santos




19-11-2013

Que floresça no meu olhar flores de bem querer,
para aos outros o bem fazer.
Nunca fui bela
nunca fui carinhosa,
nunca fui amorosa.
Em mim nasceram cardos e espinhos...
e foi o que espalhei nos caminhos...
Mas surgiu-me uma sede de vida,
de justiça divina...
quero flores, flores no meu olhar
para aos outros entregar
se me puderem perdoar.
Eu quero renascer como a fénix
e das cinzas resurgir,
com outro olhar, outro pulsar.
Deixar para trás todas as sombras,
e deixar o sol brilhar.
E amar, amar, amar,
mesmo que jamais venha a ser amada.
Melhor é dar que receber...
isso eu consigo entender.
Nunca fui bela,
nunca fui flor,
nunca fui amor...
Deus que no meu rosto floresça a flor
cujo nome seja AMOR.

 Emília Maria


18-11-2013


Olhei teus olhos
Tocaste-me a mão
Que senti eu
Um rasgo de ceu
Um quebrar de gelo
Um sol que me aqueceu...
Uma estrela que apareceu
Um brilhar de lua
Mas só a minha mão foi tua
Naquela noite .

 Maria Tavares




17-11-2013
Grito

enfureceu em mim…
um vento que assomou,
trazendo consigo a coragem
que sempre me faltou......
num agitar de palavras
que até…o silêncio gritou,
versos enclausurados,
já sumidos e amarrotados
que o tempo enterrou...
num canteiro de lírios
que em meu peito…secou.

Albertina Martins





16-11-2013
TEMPO E CRIANÇA

Aonde que você foi parar menino
no seu brincar, esconder e querer!’
ontem, carregou fruta pequenino
foi rodar pião, o que você foi fazer?
_ Fui brincar com a menina, por ai, de correr...
Já andei pulando corda, e brinquei de esconder.

Mas você nunca para nem cansa?...
vive a correr, para cima e para baixo!
que coisa boa e ser assim criança
esgueira escorrega, da uva rouba cacho.
_ Meu pai tem frutas e outros meninos roubam
Rouba porque, a do vizinho é melhor eu acho.

Eu criança, armei arapuca estilinguei
joguei bolita, e no cavalo de pau corri
brinquei de roda e na peteca eu bati
soltei pipa, muita traquinagem eu fiz.
_ Hoje na cidade tudo mudou, garoto sentados
assiste TV, joga vídeo não sorri, nem é feliz.

Não brincam mais de pula corda
amarelinho, nem muro do vizinho
cabra cega, fica sentado e engorda
tão parado e triste assim pequenino.
_ Ganha peso e peso cedo, nesse avanço louco
Stress, vai ao psicólogo, com enredo e segredinho.

A. Montes


15-11-2013



(A VOZ DO POEMA)

Como é lindo o teu versejar!...Como esse poema pintou leves os beijos, no meu coração!
Letras, mãos de fada, bordam pelas águas mansas dos riachos do peito as alegrias travessas,
Da luz de oiro do outono de um dia!E assim ...foi correndo o olor…uma tarde!...
E ali, no alpendre…se recusou o dia a terminar…porque nesse peito…da alma…
Nascera o poema…aquele que via, sentia tudo!...As canções, o marulhar das águas do rio,
Organdi que lhe brincava aos pés…as rochas engastadas, pérolas intermináveis, prazer que,
A espuma tecia e oferecia ao céu.O ar era extremoso, rodopiava com as borboletas do ainda azul,
Muito de levezinho para não ferir a sua susceptibilidade, desbotar-lhe as asas!
Tudo era paz…a do verde completo, nos olhos de quem sabe ler, dizer o amor!...
Um dia, o poema acordará, se lembrará de mim neste campo loiro da folhada outonal;
E eu não esquecerei o sol a escorrer por entre as searas dos meus cabelos…
Levianamente..amante!...Passearemos de mão dada na loucura dos dourados.
No alpendre…ali escancaradas…as portas, o instante!

Élia Morais Araújo


14-11-2013



Mulher de Constelações Brancas

 Sou a mulher das constelações brancas,
Que deseja caminhar por uma álea limpa
Sentir que o seu corpo é o solo que pisa,
Árvores em volta e gorgeio de pássaros....

Sou um grito de Estrela, uivo d´uma hiena
Construindo sílabas sobre a cinza do tempo, .
Vibrantes vogais, labaredas de fogo e vento,
Poesia de frutos melancólicos, tristeza e pena

Nunca meus versos serão ramos de sangue,
Escritos em concha com veias de sol ou mar,
Serão poemas de luz e do ocaso a despertar.

Abandonar-me-ei nas palavras e no tempo
Perspetivando um horizonte novo e singelo,
Onde meu canto, seja um poema mais belo

Conceição Roseiro



13-11-2013

Quem sabe um dia...

Quem sabe um dia
Eu consiga descobrir
Como que por magia
A sinuosidade do existir…

Decifrar enigmas
Compreender segredos
Mascarar estigmas
Afastar medos…

Nos sonhos ver
Realidade constatar
Do Mundo a sofrer
E o mal afastar…

Actriz me tornar
Do palco da vida
Palavras “dobrar”
Quem sabe um dia…

  
Ilda Ruivo





12-11-2013


Passadas lentas e largas
Sobre a areia colocada pelo passado
Visões sobre o horizonte
Deslumbram a alma
Aquecem velhas lágrimas
Corpos esquivos que se amavam outrora...

Hoje matéria do silêncio
Do caos das madrugadas frias
Desfolho folhas amareladas e desgastadas pelo tempo
Antigos poemas do Olimpo
Profecias que nunca se realizaram
Chama ardente que se apagou na lentidão de um beijo

 Catarina Dinis
 



11-11-2013

ELA A SAUDADE

Saudade um sentimento
Que contem tantas emoções.
De uma profundidade que
Trespassa o coração e vai
Direto à alma.
Não tem explicação quando...

E nem momento certo,
Simplesmente ela vem.
E invade todos os cantos
E recantos do ser.
Habita em uma mistura,
Belos instantes.
De recordações tão fortes
E tão amadas.
Uma vontade de fazer do tempo,
O tempo que volta atrás.
Impossibilidade que foge
Inexistente.
Mas ela não foge e continuará
Sempre vindo e indo.
A saudade será sempre
Uma grande companheira,
Quer queira ou não queira.

Solange Moreira




10-11-2013


Sou eu, minha poesia

Busco viver, agir e sentir
como sei que sou por dentro
e como é difícil mostrar meu alguém
mostrar quem sou, por detrás desta realidade...

que os olhos podem ver.

Sou eu
sou minha própria paisagem
estou onde estou por que sou eu.
Em minha alma, tenho tudo que preciso
exceto o toque do existir

É com minha alma que vejo e sinto tudo
é ela quem chora,
não, não são os meus olhos!
Meus olhos podem fingir
mas minha alma não.

É com minha alma
que exponho minha verdade
a realidade de quem sou
quem realmente sou por dentro

É minha alma quem abriga
a parte de mim que não se pode enxergar
e que tanto quer existir,
e que buscar caminhos querendo estrear

Nada somos
O que somos por dentro é o que temos de nosso,
É do que podemos dispor.

Disponho minha alma em minha poesia
para que assim ela possa existir.

Enide Santos




08-11-2013


Vem meu amor

Já se acendeu o crepúsculo, a noite não tarda a chegar.
E demora meu amor deixando meu coração ansioso.
Um elo dourado nos uniu ,
numa noite enluarada e um amor nasceu, vingou e cresceu.

Somos uma alma num só corpo.
unicidade, cumplicidade, eternidade,
almas gémeas que o destino juntou.
Um amor que, se me entranha na pele
com harmonia, delicadeza e volúpia...
Esta noite vem sedenta,
imbuída de paixão,
as pétalas espalhadas pelo chão,
numa cama improvisada de emoção.
Sopro-te caricias aveludadas,
odor enebriante das laranjeiras em flor,
quero-te tanto amor!
Mergulha no meu jardim
sedento e carente de ti...
não tardes em chegar,
porque morro de amores....
corre, galopa, voa nas brisas da noite,
vem , vem depressa beber da taça de nosso amor.
Espero-te debaixo dum céu já estrelado,
e uma lua em flor.

Emíla Maria







07-11-2013


Escrevo um poema
Voo pelo ceu
Adormeço entre as estrelas
Acordo nas nuvens
Deixo-me beijar pelo sol
Faço-me dona...

Do dia
Do vento
Do tempo
Da floresta
Da alegria
Da poesia
Do prazer
Da liberdade
De ser livre
Um dia!!!!!!!!!

 Maria Tavares



06-11-2013

TERRA E PÓ…


Minha terra, meu chão…
Semeei minha semente,...
Que deu vida a outra geração…
Pedaços da alma,
Na terra semeados,
Nasceram de mim,
Frutos desejados…
Pedaços de mim, em amor partilhado,
Raízes profundas, em solo sagrado.
Pedaços de mim…
Na terra deixarei,
Meu corpo de barro,
De terra formado,
Só a alma levarei…
São apenas pedaços, feitos de terra…
Por Deus abençoada, quando na terra nasci,
E á terra voltarei…
No dia em que partir…
Não chorem os que na terra deixo,
De mim não tenham pena nem dó…
Sou filha da terra,
E voltarei a ser pó…

Mena Faria
 



05-11-2013


Naquele dia

aconteceu que a Lua,
solitária …como eu
muito cedo se acendeu,
brilhando intensamente,...
com uma luz bem diferente
naquele deserto…do Céu,
soltando pétalas coloridas
sobre a terra…que emudeceu.
Guardaram-se as armas...
calaram-se as vontades…
porque Deus…adormeceu,
 na verdade que se escondeu...

 Albertina Martins




04-11-2013



A PODEROSA

Se tem a morte, tem a vida
a vida não acaba sem a morte
e a morte só parte pra riba...

vasculha tudo, de sul ao norte
se vacila, ela aparece e te agrega
pode ser fraco ou mesmo forte
ela, derruba pra adubar e leva.

Se hoje nasce, um dia morre
não! Nem adianta encrespar
a hora chega quando chegar
pode ser que pode, ou não pode
se acode, corre ou se sacode
não adiante espantar ou amar
com os braços dela, te acode.

Ela vem, e vem pra te lavar
não tem dó e nem piedade
cafundó campo, ou cidade
lagrimas vão sim, se derramar
chore quem queira chorar
felicidade e infelicidade,
pode ter certeza, ela vai deixar.

Antonio Montes






02-11-2013


(UM TEMPO...UM LAMENTO)

Nunca estamos sozinhos...
Algo de sobrenatural nos observa quando o dia nos vem...
Abrem-se as pétalas da realidade,
Amenas ou não!......

P'lo mundo fora...
É conturbada a razão,
Seja qual for a cor, o ser...a hora...
Oh, seja daquele jeito,...sem crueldade,
Um feito,... amor...caridade!
Seja,...seja!...
O lavar a cara...
Tornar-se a cidade numa tela, bela, justa...
A alma nunca é estreita,
Ao ganhar forças em ser alguém que fascina, sorri!...
Cultivem-se os grãos de arroz ,
Na palavra que está vazia...
Ser após,... um rio até à foz...
A imortalidade da terra,o barro, seja proferida,
As asas da andorinha prossigam na subida,
Ao reclamarem num esvoaçar velado,
Um direito...à vida!...
Não seja vã,...os soluços sejam apenas de alegria,
Um encontro,...a bebida espirituosa,
Um desembarcar no dia...as folhas de outono,
Após uma longa espera...um recomeço,
A concha da mão nunca é pequena!...
Ouça quem tem de ouvir!...
O grito de uma criança...nação!...
Sem liberdade e pão, um retrocesso... adereço,...
As águas espelham a primavera,!?
Porque o poeta, já transformou o dia...uma folha, em poema!

Élia Morais Araújo





  
01-11-2013

Vou sacudir toda a gente,
Vou rasgar silêncios,
Voltar a página,
Arrasar montes,
Sacudir subjugados,
Arrasar deputados,
Dar-lhes na corneta
E assino com uma caneta,
O meu nome.
Vou abrir ferrolhos,
Acertar lhes nos olhos,
Para que me vejam melhor.
falo por mim e outros,
Todos juntos somos poucos,
Mas com minha vassoura,
Vou certar em cheio,
No que nos " namoram"
E nos que nos exploram,
E nos cortam o Salário a meio.
Vou-lhes dar uma porrada,
hi hi hi hi hi hi hi hi hi
Vou lançar o terror,
Na cinza adormecida,
Dos cemitérios.
Os mortos se levantarão,
E dirão: povo banido,
Será profeta!
hi hi hi hi hi hi hi hi hi
Ah ah ah ah ah ah ah!
E não haverá mais....hi hi hi.
Conversa da treta hi hi hi
hi hi hi hi hi hi hi hi hi hi hi


Conceiçao Roseiro

 

 31-10-2013

Renascer de esperança...

Fui um passeio dar…
Ansiosamente procurei
Um lugar para admirar
E com o Sol me deparei!

Este dia de beleza Outonal
Que a Verão me fez lembrar
Sereno sem nenhum vendaval
Somente uma brisa a refrescar!

O chão de pétalas…flores
E folhas decorado…
Como um jardim matizado!

Ficará como lembrança
Guardado no coração
Num renascer de esperança!


Ilda Ruivo
 

30-10-2013



 
 
Quantas vezes escutamos
“Não te iludes com os sonhos”
Quantas vezes
“que o coração não decide”
Ninguém conhece verdades absolutas
Ninguém conhece a verdadeira verdade
Desfruta do mundo, dos instantes
Que te fazem ou fizeram sorrir
Desfruta do céu azul, do canto dos pássaros
Vive o hoje, apenas vive
Não interessa eu ou eles
Interessa o tu
Não interessa as palavras cruéis
Interessa o que tu és…
  
Catarina Dinis

29-10-2013

LINDOS VERSOS

Aquele dia,
Foi como se
Eu tivesse
Levado um
Grande choque.
Paralisei.
Não acreditei,
Nas palavras,
Que da tua boca
Saiam.
Boca que beijei.
Boca que lindos
Versos diziam
Pra mim.
Fiquei oca.
Vazia.
Pensativa.
Como um
Amor tão
Forte em
Um pequeno
Instante,
Distancia-se,
Pra sempre.
E maltrata,
Com palavras
Que saem com
Uma faca.

Solange Moreira

28-10-2013

Dr. Carolino

Este pequenino
o mais franzino
o penúltimo
dos meninos

Seu olhar, não disfarça.
o que o futuro lhe traça
Advogado ele vai ser
e o seu diploma vai ter

Planeja defender
com honra e poder
Sabe que superação
serve de inspiração.

Este pequenino
que logo vai crescer
Seu nome é Carolino
E um doutor ele vai ser

Enide Santos


27-10-2013


Acredita...

Como bonita é esta vida
e nós na correria dos dias,
no desassossego do tempo,
nos rumores dum apocalipse eminente,
cerramos palperas e coração , vivendo com medo e perturbação.
Há que acordar a fé em nós adormecida,
deixar desabrochar a terra prometida...
Há guerras e fome,
desemprego e desarmonia, o planeta geme de agonia, mas o Senhor que tudo criou nunca nos abandonou.
Ergue teus braços aos céus,
clama por Deus.
Pede justiça divina.
Vê que o sol continua no céu a brilhar,
o azul domina no mar,
a lua derrama o luar...
há que acreditar mesmo que o contexto seja de chorar, dum desacreditar doloroso...por um governo escabroso e maldoso.
Contempla a vida com fé, ora ao Deus da bondade e amor, e vê como sorriem as flores e pulam as crianças no jardim.
Não desanimes, acredita.
A vida pode ser bendita. Olha....não escutes a negatividade, dá um abraço na fé, no amor, na esperança que tudo alcansa.
Olha...vê a lua no céu...o azul que domina no mar...a flor que germina ...
A vida tem beleza infinita. abre os olhos e sorri, não te deixar definhar.
Há beleza em teu redor e um Deus que te quer abraçar.

Emilia Maria


26-10-2013


Vem comigo
Vamos seguir o vento
Mandar parar o tempo
Não haverá mais
Dias anos ou meses de vida
Mas as arvores continuaram a crescer
Os jardins a florir E nós a sorrir Vamos colher Flores Num jardim de amores Apanhar borboletas
Subir vales e montes Beber agua das fontes Saltar a corda Apanhar amoras Roubar frutos dos pomares
Vem comigo Vamos onde nunca estivemos Escreveremos canções de mimar De amar Vamos crescer Vamos viver Vamos encontrar a Felicidade Vem comigo
Maria Tavares


25-10-2013

Escada da vida

A vida é como uma escada
em caracol e sem corrimão,
cuja subida nos entontece
e muitas vezes ...acontece
cair desamparados no chão,
cansados pelo tempo…
pelos atropelos e humilhação
mas mesmo …de ferida aberta
como a que sangra na alma do poeta,
cada degrau é uma conquista
na escada da motivação...

entendemos como lição
a dor e o trambolhão…

Albertina Martins


24-10-2013


E NOS TRAGA

Uma saudade que embarca
na barca da grande paixão
que voa de boa na alta
maltrata o pobre coração
que a recordação atonta
sobrevive nessa ilusão
aonde o querer afronta
burlando a decisão.

Uma saudade que avança
carregando o futuro
leva nas costas do muro
escondendo a esperança
põem em cheque a confiança
do incerto mundo seguro
come migalha e osso duro
e cansa atrás da bonança.

Uma saudade que bate
em um coração de lagrima
aonde a paixão afaga
com solidão a que late
em ouvidos de sentimento
a toda hora e momento
ela rodeia e nos traga.

Saudade que vem sem jeito
mesmo não querendo tela
bate a torto e a direito
em mundo cruel e perfeito
aparece sem ao menos vela
e sega o mundo sem defeito.

A. Montes


23-10-2013


(Fim de dia)

Esfarrapadas, mescladas,
Rendas negras despontaram,
Do horizonte acordaram,
Fortes, solitárias as cores,
Bem para lá dos montes...
O rio...canta a serra,
O entardecer do dia,
Passando as pontes...
Escurece...
E os rebanhos já guardados,
No seu redil, currais...
Pinta-se de mansinho a noite,
Por cima dos trigais,
Casais... casas agora acesas...
Pela noite, incendiadas,
Fios luminosos, versos,
Avé Marias rezadas,
O pão na mesa, de Deus, a luz...
O céu, fez-se mendigo das estrelas.

Élia Morais Araújo
 

22-10-2013


O Regresso da Palavra

Levanta-se o pobre,
Pela noite,
E caminha em frente,
À procura da palavra.
O céu cai-lhe aos pés,
No charco do dia!
A nascente da vida,
Está do lado de lá....
Está noutra parte.
Estremece,
Procurando a palavra,
Para possui-la,
Para a comprar,
Tê-la,
Ou pô-la a render!

A palavra,
Está de regresso.
O pobre,
Chama outros pobres,
Preparam o festim.
-Abram o baile,
Dancem,
Ela vem aí!
Todos dançam,
Todos cantam,
Então o pobre ,
Disse:
Palavra, palavra,
Vem,
Mas ela não regressou!


Conceição Roseiro


21-10-2013

O ribeiro da minha inspiração...

Água do ribeiro que contornas,
Obstáculos com que te deparas
E a paisagem com que adornas,
As margens por flores decoradas!

Margens onde, por vezes, me sento
A olhar-te, procurando inspiração,
Só junto de ti recarrego o alento,
Para descrever, a vida como uma canção!

A tua frescura e as límpidas águas,
O florido matizado nas tuas margens,
Fazem em mim esquecer as mágoas
E, em pensamento, fazer várias viagens!

À minha presença indiferente,
Vais seguindo teu caminho,
Até o encontrares lentamente,
Eu... ali fico, pensando no meu destino!


Ilda Ruivo


20-10-2013



Palavras Soltas

O nosso amor não tem palavras
Tem pedras…
O nosso amor não sabe o que é a luz
É apenas escuridão
O nosso amor não sabe o que é o calor dos beijos
Tem solidão
O nosso amor
Não sabe viver
É apenas um vazio da alma

Catarina Dinis




19-10-2013



QUANDO EU ERA CRIANÇA

Nas minhas horas de lazer
O meu prazer era caçar
Borboletas. Encantava-me
Com elas. Só queria vê-las
De pertinho, depois as soltavam.
Mas tinha as minhas tarefas.
Estudar e cuidar dos meus
Irmãozinhos menores.
Que trabalho davam eles.
Minha mãe saía e eu os
Cuidava.
Banhava-os e preparava o
Lanche.
Depois coitadinhos tinham
Que ficar quietinhos.
Sentadinhos assistindo
Televisão e eu estudando.
Para quando a minha mãe
Chegasse os vissem arrumadinhos.
E ficavam.
Dizia para eles fiquem quietinhos
Que estou cheia de problemas.
Ouvia sempre os adultos falando
Sobre esta palavra e eu a achava
Linda e sentia que impunha
respeito
Muito tempo depois que descobri
Direito o seu tal significado.
Agradeço aos meus irmãos
Coitadinhos.
A paciência e a quietude que
Ficavam e o respeito que tinham
Pela palavra problema!

Solange Moreira








18-10-2013 



Disfarce de sentimentos

Quando te vejo meu

 Coração bate apressado
Mas um amor impossível
Precisa ser sufocado
Disfarço meus pensamentos
Magoando meu coração
Procuro no meu corpo
Forças para conter as lágrimas
Distraiu-me com o tempo
Apego-me com a solidão
Triste...
Ando de um lado para o outro
Impedindo meu desejo de aflorar
Vou para a cama
Fecho meus olhos
Procuro na ilusão
Fazer com você
Tudo que na realidade é impossível
Encosto meu corpo no seu
Protejo-me no seu peito
Sinto seu carinho, seu cheiro
Sinto você...
Mas quando abro os olhos
Encontro-me em lágrimas
E não há mais nada a fazer
Somente chorar
Então eu choro.


Enide Santos



16-10-2013

Não vou deixar voar
Meus sonhos
Vou segura-los com a mão
Com ternura com paixão
Viver o momento
Viver o sentimento
Pois sonhar é encontrar
É amar
É viver
É o tempo parar
É esperar
Até um dia chegar
E acontecer
Vivo a sonhar
No momento de amar
Porque te amo tanto

Maria Tavares 

15-10-2013




Fantasmas

entre o céu e o mar
existe uma linha…
onde danço sozinha
a valsa do meu passado,
sobre o piso molhado
num rodopiar sem sentido,
ladeada de medos brancos
que aclaram o azul enegrecido
de estrelas despido...
mas turvam meus pensamentos
e eu tombo… por momentos.

Albertina Martins 



13-10-2013


CRIANÇA É ASSIM

Criança peralta que salta que estrangula que tem gula que faz arte sem bula. Criança que sorri não maltrata que vem, que vai não sabe aonde ir, mas que sai perdida por ai em um mundo cruel assim. Criança que pensa que o mundo é todo de amor e calor que confia não chia, em ordem de adulto fica mudo não pia. Criança que se enche de medo à noite e sorri de dia que brinca em tuas horas que estoura balão que esta, cheio de amor em meio coração. Criança que carrega dignidade que tem verdade que sente paixão, que constrói um mundo de recordação. Criança pequena serena que estuda que treina, que inocente não mente e cai na arena. Criança contente que sente, pequena gente vive no mundo de adulto demente, que corre estapeia que a vida estropia leva pisa de adultos complicados que faz mundo danado. Criança é criança na noite de dia no sol, lua nova, ou lua cheia, que pula estapeia criança que vive solto, e não vai parar na cadeia. Criança que grita e esturra que corre descalço na chuva que o mundo a ele e simples sem requinte, que na vida ele veio ser ouvinte. Criança que com bolo se enrola, joga bola, bolita que esconde que grita que brinca de ciranda que se sente no mundo em sua varanda. Que sonha com coelhos assopra bolas de sabão que ama passarinho pula amarelinho, adora boneca joga peteca, tem pedras de cinco marias e corre de dia. Arma arapuca em seu ringue caça de estilingue e gosta de ganhar brinde.

Antonio Montes 

12-10-2013


Janela aberta...

Dos olhos,
Madrigais...
Abrem -se galhos verdes...
Cachos...cintilações,
Rolam os fios de oiro até aos seios,
O barro nas mãos...
O debruçar-se,
Um afago à janela,
O respirar um festim inteiro,
A árvore de braços farta,
Os frutos aprilinos acarinhados...
No recato, 
Elevados brilham,
Ao tempo que passa... 
A cesta espera,
O amadurar da terra,
O vento sorri,
Gesticula, pula,
À rua dos amores perfeitos se abrindo,
Ao desabrochar dilecto,
Das magnólias douradas.

Élia Morais Araújo 


11-10-2013


Falam...Falam...

Falam...Falam...
Dos seus reumatismos,
Das dentaduras, do colesterol,
Das dores dos pés,
Da subida de tensão,
Da vesicula,do fígado,
De injeções e remédios,
Dos rins, dos comprimidos,
Da dieta....

Falam...Falam...
Da bolsa, dos juros das obrigações,
Da compra e venda,
Da desvalorização da moeda,
Falam dos seus dividendos,
Do aumento de valor...

falam...falam....
E das regalias que perdemos,
Da fome que passamos,
Das contas por pagar.
Das regalias de ABRIL,
Dos sem lar nem pão,
Quando falam??????


Conceiçao Roseiro




10-10-2013




És Mulher! És Mãe



Linhas profundas no rosto

Denunciando o sofrimento

Do que passaste, do desgosto

Da emoção em cada momento!



Nessas horas do teu sofrer

Foste guerreira corajosa,

E simplesmente a mulher

Que queria viver, orgulhosa!



Nota-se o teu olhar vazio

Nos lábios um doce sorriso

E desse tempo vil e absurdo

Ficou teu coração obscuro!



Mas, és Mulher, és Mãe

Nasceu contigo o dever

Que tua essência tem

De por amor sofrer!


Ilda Ruivo 
09-10-2013


TEU OLHAR

Quanto mistério envolve,
Aquele belo e penetrante
Olhar.
Diante de ti fico a imaginar,
Como conseguiste tocar tão
Fundo em meu coração.
Iluminado olhar.
Como o luar que beija o
Mar com a sua luz prateada.
Assim chegaste à minha vida.
Sou a tua amada.
Encantada por ti.
Sinto a emoção do meu
Tão grande amor.
Com o teu lindo e tão
Penetrante olhar.

Solange Moreira

08-10-2013




Flores tão belas
As do teu jardim
Floridas como o teu amor
Pena não ser meu…

Lilases, rosas, jasmim
Hortênsias, margaridas…
Mil encantos no teu regaço
Pena não serem para mim…

Lábios vermelhos, sabor frutado
Pele de cetim dourado
Enfeitado de tesouros perdidos
Para não desejarem a mim

Catarina Dinis


07-10-2013




MEU TOQUE!!


Cá estou

Cá estou...
Ocupando um mísero lugar no mundo
Eu comigo mesma
aqui sou minha própria presa

Aqui estou...

Repleta de bons sentimentos
recheada de desejos intensos
que de nada sevem 
aqui onde estou

Sinto o ermo de todo o resto
se é que há outro resto.
Posso pensar alto, o quanto quiser
porque o eco é o que é
não fará diferença alguma

Cá estou repleta de sonhos
que já a muito estão adormecidos
e a maioria,vencidos 
cansados de esperar
por uma realidade que dia a dia
tenho que conquistar.

Enide Santos 




05-10-2013
 



Mãe tanto ficou por dizer
Nas nossas conversas
Tu sempre com as tuas pressas
Com os teus afazeres
Pois tinhas que trabalhar
Para nada me faltar
Eu a caminha do colegio
Pela mãe a chorar
A freira comigo a ralhar
Para me calar
Senao me ia castigar
Á noite estava contigo
Era só um bocadinho
D e conversa e carinho
Mas tinha que despachar
Eram horas de deitar
Mais um dia
As nossas conversas
Eram adiadas Mae
Pois tinhas que trabalhar
Para nada me faltar
Tudo tive
Tudo me deste
Mas algo faltou
O trabalho não deixou
Para que nada me faltasse
Hoje Mãe sinto falta do teu carinho
Das conversas que nunca terminamos

Como seria se hoje aqui estivesses
 
Maria Tavares


04-10-2013



Chora o Céu e eu

enormes gotas geladas
lentas e cristalinas 
caem desamparadas
d’um céu que chora comigo
estatelando-se no chão
onde ficam abandonadas
preenchendo o silêncio
com pranto de sabor amargo
entre soluços do vento
que em meu rosto beija
a solidão que lacrimeja
na esperança de um doce afago.

Albertina Martins


03-10-2013
GRITO NO AR

Ali na praça
da cidade grande
tem jardim e pássaro 
e papo que expande
dão soco e sopapo
no pequeno e grande.
É gente que passa
sem mais sem porque
carreira dispara
o projétil da bala
achado em você.
Pessoas que vai
e outros que vão
aqueles que veem 
logo ao amanhecer.
Passeata protesto 
governo ingrato
não tem papo reto
é mesmo um saco.
Um povo que morre 
sem ter aonde cair
um rico esnobe 
morrendo de rir.
Por ali raiva passa 
amor e solidão
o riso sem graça
carinho sem paixão.
Passa tudo também
às horas e passado
o tempo vencido
andar disparado.
O moleque atrevido
o malfeito o bandido
a risada descarada
o momento vivido.
O olho sem nada
passa a zabumbar
o palhaço enfeitado
a mulher a balançar.
E o político malvado
o galho de arruda
a galinha e o frango
misera Deus acuda.
Preto e orangotango
a droga do fulano
o sentimento que voa
e aquele sicrano.
No tempo parado 
à vontade à toa
pensamento encalhado
A chuva a garoa.
O sangue a sede
à noite e o grilo
o galho e o verde
o besouro o mosquito.
O grito no ar
a fala encalhada
o medo de amar
a voz abafada.
O lenço a bandeira
o abandono ao olho
o spray a carreira
o grito o encolho.
A morte a tremer
o sangue no chão
o medo você
parado o coração.
À vontade a fome
o olhar bem profundo
a fêmea que é homem
girando o mundo.
Minha cara meu tudo
meu olhar sentimento
à saudade meu mundo
jogado ao vento.

Antonio Montes
 

02-10-2013



(UTOPIA)

Nas páginas libertas dos sonhos, quero aprender a falar comigo,
A não esquecer se vivo, enquanto vivo, e para que vivo.
Aqui, neste coração, o disfarce, a solidão, o meu único olhar,
O silêncio fundo da ravina que me chama,
Clama a presença da estrela que serei!?
Onde estou!?Quem sou!?Que galáxia me rodeia?
Estrutura, displicência de mim própria?
Quero desesperadamente encontrar-me; levar-me a passear num domingo,
À alameda rubra de acácias. Escutar-me em sintonia com os versos guardados, envelhecidos.
Simplesmente, leio-me, releio-me, e sinto-me vazia às vezes…
Correndo-me por dentro, o sangue que se vermelha adulto,
Se assemelha à menina que serei eternamente.
Quero ir por onde nunca soube ir. Talvez a minha memória,
O sonho da minha inexistência nasça outra vez, para me lembrar de mim.
Hei-de por certo encontrar-me num desses atalhos em que soçobro.
Nesses dias mesclados de inverno, postura frágil, hei-de despir-me da tristeza que não é minha,
Vestir-me num desejo…os cabelos do louco tempo…o fascínio da utopia,
Desentorpecer os membros num rumo enamorado do azul,
Buscar-me…aqueles instantes poéticos, do Outono da minha casa.

Élia Morais Araújo




01-10-2013

O estrondo do mar

Ao cabo da rua,
Ao cabo da infância
Quando a rua cresce
E a palavra avança,

Ouço o estrondo do mar!

Na dentadura da cidade,
Por trás do pátio negro,
E do cimento,

Ouço o estrondo do mar!

Do fundo,
Do autocarro da vida,
Do fundo,
Dos sonhos e ilusões,
Da sonolência e do tédio,
E do fundo da criança,
que se levanta,

Ouço o estrondo do mar!

No ruído intenso,
Na voz e silêncio,
Nos embriagados arrabaldes,
Perto do Sol,
Na grinalda de um dia,

Ouço o estrondo do mar!


Conceiçao Roseiro



30-09-2013


Para Depois...


Saudade é um sentimento

Que destrói sonhos a dois

Feitos no momento…

E planeados para depois!



Bem instalada no peito

Sem que tenha permissão

Produz o seu efeito…

Destruindo o coração!



O planeado não se concretizou

Ficou a eterna saudade…

Algo nos planos falhou

Sendo adiado p´ra eternidade!



Nessa expectante eternidade

Sonhos vão ter de esperar

Que nessa nova realidade

Se possam concretizar!





Ilda Ruivo 



29-09-2013

O DIA DE UMA VIDA



Dissipou-se a neblina.

Ainda que ela também

Faça parte da natureza.

Um tempo onde se mescla

A luminosidade.

Evidencia-se um entorno

De recolhimento.

Mas a luz vem também

Junto com a claridade de

Um novo amanhecer.

Um sol que aquece e

Conforta.

A energia que se capta

E é retida para o dia em

Que a neblina novamente

Fizer parte do dia de uma

Vida.



Solange Moreira 

28-09-2013




Não trocaria o teu beijo mais amargo

pelo infinito

Não trocaria a terra pelo céu

se tu És a estrela mais brilhante

que vive em minhas mãos.



Catarina Dinis



27-09-2013



Voo na imaginação

Lá em casa esta um drama
minha avó, só reclama
resmunga o tempo todo
Diz que faço barulho de besouro

Será que ela não mais se lembra
do prazer que dá
fingir que se pode voar

Esta sempre me olhando
diz que esta me cuidando
Mas eu já sei o por que

Ela tem mesmo é medo
de que eu voe e para sempre
não possa mais me ver.

Enide Santos


26-09-2013




Não me acordem

Não façam barulho

Não me perturbem

Preciso silencio

Resolvi ficar assim

Sem dar conta de mim

Num sonho sem fim

Um sonho meu

Meu e eu

Quero estar sozinha

Nesta Santa noitinha

Que vou querer ser longa

Para que o sonho se prolonga

Por isso não me acordem

Deixem-me assim

Para que o sonho decida

Que vai ser de mim



 Maria Tavares




25-09-2013



Folhas de Outono



Folhas cansadas de viver

pelos ventos açoitadas

caem secas e desamparadas

no chão da nova estação

nu e roto de saudade

que as exibe com vaidade

pelos caminhos da poesia.

Murchas e meio adormecidas

são tapetes de lembranças

pedaços de vida …ainda

no outono de tantas esperanças.



Albertina Martins 


24-09-2013


O CONCERTO

Pegue; leve o carro no concerto
e concerte tudo o que precisar
veja, não é nada pouco
o mecânico vai mesmo acalcar
com aquele preço loco
quando o carro ele for arrumar
pois a biela e o pistão
farol e também suspensão
cabeçote e a dona junta
rolamento e as buchas
pisca, pisca e a mussinética 
os freios e a embreagem
lá dentro do motor as canecas
para-brisa e a buzina
é mesmo uma fuleiragem
velas, arruelas e fuzis
bateria parafuso e porca
benéx e aquele radiador
e a porta que já se abriu
chassi e o danado diferenciar
e mais barulhos que surgiu
a dona caixa de macha
esta indo já pro pau
a coroa esta banguela
o painel e os cambal
e aqueles furos na janelas
concerto nos retrovisor
mecânico não me leve a mal
preço baixo meu senhor
se não eu vou ao hospital.

Antonio Montes
 



 23-09-2013

Primeiro dia de Outono...



Ele aí vem,

Dou-lhe as boas vindas...

Abri-lhe, as portas de par em par...

Como é lindo aqui, além...

Doirado, o meu Outono...

Esperei por ele,

Chegou...delicado,

As gotas de água em pérolas,

Rociado...

Escrevem-lhe,

Em pétalas amarelas de sol,

Filigrana vermelhado...

Ao peito da janela,

Dependurado,

Terra, elegante,

Em fragrâncias...

Pomares,

Vinhedos rosados.



Élia Morais Araújo 
  

22-09-2013




Queda de um anjo

Viam-se Arcanjos, Querubins, anjos, lendo.......
Na Órbita dos sete céus reluzente, brincando 
Com DEUS e SENHOR,Terra e Céu Governando
Aurora a nascer,com claro sol se escondendo.

Deus, o Eterno morador do Reluzente, sendo,
Viva Luz de Apolo, sublime e Astro-Rei Divino,
Em luzente assentos marchetados, oiro fino....
Chamou o doce Anjo pequenino, lhe dizendo:

Teus olhos são borboletas de amor ardente!
Tuas mãos são rosas desmaiadas, sol Poente
Vai à Terra, leva paz, serenidade,o amor floriu.

Meus extases, meus sonhos, meus cansaços,
Em Meu Nome dá mil beijos, a Fé, mil abraços,
O anjo chegou e adormeceu! O Rouxinol sorriu!


Conceiçao Roseiro



21-09-2013




Absorvo deliberadamente a consciência

Do meu próprio conteúdo…

Procurando rigor e transparência

No meu íntimo mais profundo!



Faço uma profunda introspecção

“Olho” para dentro do meu SER

Quero chegar a uma conclusão

Depois de uma psicanálise fazer!



Tento melhorar comportamentos

Através de alguma terapia…

Da extraversão dos sentimentos

Para me devolver a alegria!



Mas este auto-conhecimento

É difícil de analisar…

Na temática do sentimento…

Ainda há muito para desnudar!





Ilda Ruivo 



20-09-2013


Em mim, só em mim
Sinto-me frágil, muito frágil
e me envolvo
em mim mesmo
para não sentir a imensidão 

à minha volta
levando os meus dias

Abafo-me
Para não ouvir o eco
que ressoa de meus pensamentos
e quanto mais sinto as lágrimas,
mais tenho pena de mim.

Os anos se passaram
muito de mim levaram
Mas meus pensamentos
estes só aumentam

É como uma obrigação
que diariamente tenho
Agora tenho mais...
Tenho mais tempo para pensar
pensar em mim
Só em mim
o que foi ou o que será.

Enide Santos

19-09-2013




Reflexos de mim…

Já nada é o que era
Nem nada do que se espera…
Nem eu…sou mais eu
Mas o que o tempo não reverteu…
Sou um reflexo de mim
O que eu era…já teve um fim…
Mas a essência é a mesma
O mesmo sentir…o mesmo pensar
O mesmo querer e o mesmo sonhar…
Se pudesse deste corpo me despegar
Voltar a correr e a saltar…
Mas não posso…o tempo tem o seu contratempo…
Ainda vejo dentro de mim, um reflexo…
Um pouco menina sem complexo…
Mas quando me olho no espelho
Me sinto sem nexo…
Logo sigo o conselho
De não me voltar a mirar…
Afinal que interessam as rugas e o corpo caído
Se é o coração que sabe amar?
E ele não tem olhos e não vê
Nem sabe enxergar…

Teresa Costa 



18-09-2013
  

O comboio chegara
e sem saber
me levara
Num comboio de sonho
Este onde embarquei
Nem bilhete tirei
Não havia revisor 
Era o comboio do amor
No caminho cantei baixinho
Passei muitas estações
Vi palácios e mansões
Reis rainhas e paixões
Também muitos corações
Andavam no ar a imaginar
Bailando alegres sem parar
A felicidade lá estava
E também dançava
Com ela dancei
Dei-lhe uma caneta
E a chamei de poeta
Não a queria deixar
Queria continuar
No combóio a viajar 
Não havia mais gente
E como estava contente 
Não queria regressar


Maria Tavares 


17-09-2013

sou rio que corre em tua direcção
nas margens o abraço, no leito grande paixão.

Águas de ternura
rolando silenciosas
galgando açudes de ilusões
vão serpenteando melosas
transbordando de poesia
na esperança de te encontrar
na praia onde me esperas
desnuda entre lençóis de mar.

sou rio que corre em tua direcção 
nas margens o abraço, no leito grande paixão.

Albertina Martins 




16-09-2013






UMA DUZIA



Ave Maria cheia de graça

acorda José lá esta o João

Pedro não negue assim na lata

acode Paulo tenha compaixão

antes Saulo para salvar a nação.



O Judá; escolhido para entortar

foi Mateus, ah ele substituir

Tomé vá ver para crer, sabe se lá

Levi Mateus um só não confundir

Bartolomeu a viajar pra lá e pra cá.



Tiago o maior; irmão de João

E com sua mística o Filipe

Descobrem, Pedro Andre são pescador

Sempre pescaram com paixão

Simão chamado Pedro pelo senhor.



Todos se uniram pela mesma causa

semeando sempre o amor

colhidos a dúzia pelo Senhor Jesus

para ajudar com coração ao redentor

semeando sobre a escuridão luz

na qual o amor sempre aflorou.



Antonio Montes  



15/09/2013




(VIAJANTE)



Chega de uma outra viagem…

Depois,

Devagarinho, sem pressa,

Recomeça simplesmente, novamente…

Imprime-se, numa mensagem de luz, calor,

Na sua casa, invernos, verões…

A terra que o necessita.



Percorre, ressalta as telhas do telhado,

Debrua a oiro os beirais…

Ledo, espreguiça-se pelos caminhos,

Corrimões, quintais,

Asas que esvoaçam por todo o lado,

O pássaro de prata saudando as fontes,

Bolinhas de sabão,

Pintalgando os montes,

Tudo doira num abrir de mão…



Ergue-se o sol,

Em silenciosas metamorfoses…

Fosforesce, sobre a rosa que amanhece,

E, rios de sangue alado,

Vermelham o chão,

Inventam a papoila.



Élia Moais Araújo 












14-09-2013



Sorrisos de luz

Deus, manda-me sorrir eternamente, 
Sorrisos de luz nunca sombrios,
Que deslizam vagarosos como rios...
Sucedem-se uns aos outros, igualmente.

Desperto sempre de manhã, contente.
Pálida, por vezes com lábios frios.
Oro a Deus, os meus rosários frios, 
Para ter alma de vida, alma de gente.

Não tenho nunca aspirações fugazes.
Vivo a vida no meu jardim de lilases,
E ponho meu baton de côr vermelha.

Gosto de viver assim, sinto-me feliz,
Nem galinha, nem perdigota, nem perdiz
Saltando e rindo, eu não serei velha!

Conceição Roseiro 


13-09-2013





MUNDO ESTRANHO…

Mundo estranho…
Este em que vivo, e consciente 
Que poucos falam verdade
São muitos mais, os que mentem…
Confiar, já não podemos.

Violência a troco de nada
Mata-se por tudo e por nada…
Subornos, enganos…
Em egoísmos desenfreados…

Que mundo é este em que vivo?
E não consigo entender…
Onde vejo tanta indiferença
E perco a crença
De que existe algo melhor…

Tudo o que vejo, e me rodeia,
São como castelos de areia
Que se desfazem com o vento...

São como as palavras dos homens
Que este mundo governam
Sem pensar, nem consideram
Que há gente a morrer de fome…

Que mundo é este, em que vivo?
De injustiças e sem valores…
Ninguém pensa nem se interessa
Que a vida sem amor não presta
Eu quero um mundo melhor!

Eu preciso entender
Porque há crianças a morrer
Se o mundo sem elas não existe…
Eu não posso mudar o mundo
Mas dou o meu grito, mais profundo!
Na esperança de quem pode,
Poder ouvir…

Mena Faria
  


12-09-2013



Lua mentirosa



Chega a noite

A Lua cheia

Em quarto crescente

A escuridão ilumina

Com sua luz resplandecente.



Espero que venhas com ela

Deixo a porta entreaberta

Que fica até ao acordar

E já desperta…



Foi-se a lua que a noite iluminou.

O dia raiou… e o sol despontou…

E eu… só, estou…



O ciclo continua…

Outro dia…

E à noite outra Lua.





Ilda Ruivo 




11-09-2013




Bando na noite

Sinto-a surgir à minha volta
todos meus sentidos
estão alertas
Já consigo entender
o som de seu véu
Arrastando-se pelas encostas

Vem surgindo, gigante
como a viúva do dia
Surge como sempre 
desde o principio 
sem se decompor

Nasce com sua lua
de hálito refrescante
envolve-me e me convida
a ir através da triste voz da solidão

Juntas me fazem refém 
como uma quadrilha
que planejava a saída 
de um choro que não vem.

Enide Santos




10-09-2013
Mil mortes morreria

Tentei descobrir dentro de mim
O amargo deste pensamento
Mas não descobri
Nem o princípio nem o fim
Deste meu sentimento
Sinto que a morte era pouco
Para apagar cada momento louco
Contigo vivido
E repartido
Mil mortes morreria por ti
P’ra sentir o que senti
E ter-te comigo aqui
Sinto um vazio que dói
Que o coração corrói
Tão grande é esta saudade
Uma nuvem, escurece a felicidade
Que tu me fazes sentir
Faz-me amor…faz-me sorrir
Nesta vida que de mim quer fugir
Mil mortes por ti morreria
Se pudesse esta dor apagar
Por tanto te amar

Teresa Costa



09-09-2013


Amor

Esses teus olhos

Eu espero olhar

Esses teus lábios

Eu espero beijar

Essas tuas mãos

Eu espero agarrar

Esse teu corpo

Eu espero tocar

Esse teu coração

Eu espero prender

Amor

É o que eu mais quero

É um sonho que espero

Demore o que demorar

Me poder perder

Contigo quero estar

Sem temer

Libertar de mim

Estas amarras que me prendem

E não me deixam soltar

Para te poder amar .

Amor



Maria Tavares



08-09-2013


Calam-se as palavras

Quando te avisto…
calam-se em mim
as palavras…
paralisam os gestos…
adejam sentimentos
no meu infinito,
nebulosos…
indefinidos…
num apelo mudo
ao teu abraço,
que só em sonhos
aconteceu …
e nunca foi meu.

Albertina Martins

07-09-2013

QUE PALHAÇO É

Que palhaço que é
é um palhaço qualquer 
com o rosto pintado
já bem baqueado
não sabemos quem é.

Um palhaço homem
rindo maquiado
um palhaço com fome
em um dia qualquer
em um mundo malvado
palhaço mulher.

É um ser que fantasia
em sua intensa diversão
constrói risos e alegria
em triste coração
sua presença pantomima
junto ah cômica paixão.

Na simplicidade predomina
o mundo em sua volta
o seu palco é sua sina
em suas brincadeiras tortas
o caus transforma em rima
e com mímica desentorta.

Antonio Montes 


06-09-2013



MAIS UM DIA

O dia nasce...
Mas em rasgos de negrura,
Entristece o crisântemo, o gerânio...
Desceu a melancolia...
A monotonia!
Mas, na simplicidade de um sorriso,
Levanta-se um raio de sol, em candura...
E canta-me a doçura,
O ânimo...

Élia Araújo



05-09-2013



Amanhã...

Amanhã beijarei teus lábios,
cor dos meus sonhos....
Suspirarei bem fundo,
verei novo mundo,
de encantos medonhos....

Amanhã...
Amanhã beberei a inspiraçao,
de uma nova madrugada,
Que vislumbra do alto em zigurate
como do meu jardim fazendo parte
Duma esperança renovada
.

Amanhã..
Amanhã vamos ao sol!
Buscar luz, força e calor.....
E tudo será bem diferente....
Confraternizando o amor da gente
na fusao de nós dois, num só amor...

Amanhã ....
Me abraças....
Me trespassas..

Conceiçao Roseiro




1 comentário:

  1. Alegra-me fazer parte de tão rico e inspirado jardim. Grande honra teus meus versos em meio a tantas maravilhas poéticas! obrigada a todos que curtem, comentam e nos incentivam a persistir na caminhada das escritas... grande abraço!!!

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